A Lua Cheia
(Recontagem de filme por David dos
Santos Conceição, Kaíque Rodrigues Silva Santos, Kauã Rodrigues Silva Santos,
Gabriel Alves dos Santos e colaboração de Prof.ª Regina Maria Oliveira de
Macedo.)
Aquela era uma manhã diferente na escola: As crianças iriam passar por várias salas e participar de atividades diferentes em cada uma delas: A primeira sala seria jogos, movimento e recreação; a segunda sala Oficina de Literatura e a terceira sala, oficina de Artes Plásticas.
A professora Regina foi
trabalhar na Oficina de Literatura. Quando as crianças chegaram ela
perguntou-lhes se queriam escutar uma história ou se queriam construir uma
história. Tal como o grupo que compareceu anteriormente à sala e construíram a
história O Leão Bondoso
e o Misterioso Frio na Floresta as crianças disseram que também queriam construir uma história.
A professora perguntou
sobre o que eles iriam escrever? De pronto Kaíque disse que queria escrever
sobre a Lua Cheia. Seu irmão Kauã se entusiasmou com a ideia e complementou:
− É, sobre a lua cheia e o Lobisomem.
A professora que esperava
uma coisa romântica demonstrou ter se assustado. As crianças riram e insistiram
nessa escrita. A professora apresentou a proposta de que ela começaria a
história e eles iam completando. As crianças concordaram e ela começou a
história assim:
Um dia a Lua estava muito
cheia... A noite estava muito clara, mas apesar da lua está cheia e a noite bastante clara, não era possível ver a lua que tinha se escondido atrás das nuvens.
A noite estava assim bem misteriosa e [1]Wilson
saiu para passear na floresta mesmo assim...
Ele ia se encontrar com
uma garota de quem gostava muito. Já estava chegando perto do local do
encontro quando a lua que estava escondida saiu para espiar[2].
Wilson começou a sentir
algo diferente[3]:
Dor na barriga[4].
Uma dor tão forte que ele se encolheu e se contorcia... Caiu no chão de joelhos e se
deitou no chão e se contorcia[5].
De seu corpo começou a sair pelos... Suas unhas cresceram... Suas orelhas
cresceram e ficaram quase passando da sua cabeça... Seus olhos ficaram triangulares[6]
e a ires mudou para a cor verde. A pupila deixou de ser redondinha e virou uma
linha. Seus dentes cresceram e também lhe nasceu um rabo.
A garota com quem ele ia
se encontrar, vinha chegando nesse momento e quando viu ele se torcendo de dor, correu para junto dele para ajudá-lo, mas ao
ver o que estava acontecendo deu um grito muito forte[7].
− Como foi o grito? – Perguntou a professora Regina
− Muito forte – Disse Kauã com os olhos brilhantes e bem vivos.
David confirmou com a
cabeça o que Kauã falou e balbuciou algo. A professora olhou para os meninos com um olhar divertido e curioso. Perguntou se o grito era forte como o que ela iria dar naquele momento e
gritou.
As crianças sorriram e talvez porque quisessem instigar a professora a dar gritos e se divertirem um pouco mais, disseram:
−Não, muito mais forte.
A professora caprichou no
grito e até outros professores vieram ver o que estava acontecendo. As crianças
sorriam a valer e mais uma vez disseram que o grito era mais forte. Percebendo a traquinagem das crianças, a professora propôs:
−Então vocês vão gritar para eu saber como foi esse tãããão forte grito.
Foi uma alegria. Todas
elas começaram a gritar. A professora começou a rir e disse que bastava e escreveu:
A garota deu um grito tão
forte que se ouviu do outro lado do planeta. As crianças riram satisfeitas e sacudiram a cabeça em tom de aprovação. A história continuou e a professora voltou a fazer os registros das falas das crianças...
Wilson olhou a garota e antes que ele virasse lobisomem gritou:
Mas sua voz estava meio
de homem e meio de bicho e ela não entendeu. Ficou parada. O lobisomem foi até
a garota, pegou ela e a engoliu[8].
As crianças falavam rápidas
e uma ia complementando o que a outra dizia fazendo parecer que todas haviam
assistido a um mesmo filme. Até David que é surdo fazia a leitura labial e se pronunciava
com palavras misturadas a balbucios e fazendo gestos conseguindo fazer com que
todos o entendessem, tanto a professora como as outras crianças.
Quando falaram
que o lobisomem engoliu a menina, professora Regina interrompeu a escrita da narração
das crianças:
− Como engoliu?
Kauã que era o mais
falante de todos respondeu empolgado:
− Engoliu ela inteirinha!
− Não pode! Como ela passaria pela sua garganta sem ser
mastigada? – Indagou a professora.
− Ele tinha uma boca grandona e um pescoço grande também![9]
A professora olhou para
as outras crianças e David balançava a cabeça em sinal de aprovação e posicionando
as mãos de um lado e do outro do pescoço indicava que ele era muito largo. Era
como se o pescoço do bicho fosse quase da largura de seus ombros que segundo
Kaique que complementou a indicação de David:
− É... O pescoço era muito largo... E ele era muito grande! Ela passou
direitinho para a barriga dele e sumiu!
− Escreve aí Pró. – Disse Kauã apontando o caderno sendo
aprovado por David e o irmão de Gabriel que a essas alturas, saiu de seu lugar
e foi se sentar junto à professora para escutar melhor a história deles. A
professora continuou a anotar o que diziam.
O Lobisomem pegou a moça
e engoliu. Sua boca era enorme, o pescoço bem largo... A moça foi parar na
barriga do bicho.
Quando a lua se escondeu,
Wilson voltou ao normal e aí procurou pela garota e não a encontrou[10].
Ele procurou por ela a
vida toda, mas nunca mais a achou, pois ele tinha engolido ela e não se
lembrava de nada[11]!
E a história acabou
assim? A garota morreu, Wilson ficou sozinho? Nada mais? – Perguntou Prof.ª
Regina às crianças.
David balançou a cabeça
para dizer que sim. A professora concluiu:
− Então essa é uma história de final triste. Vou colocar “FIM”
e agora vocês vão escutar uma história do Audi livro tá?
− Tá. Eu quero mesmo escutar outra história – Disse Kaíque e
ficou calmo escutando a história "O
Patinho que não Aprendeu a Voar" de Rubem Alves acompanhando a história pelo livro da Editora Paulus que
publicou essa história com ilustrações bem coloridas. Professora Regina fazia a
leitura silenciosa movimentando a boca para que David acompanhasse a história
também.
Em seguida as mães
foram buscar seus filhos e assim foi concluída a segunda história desse dia bem divertido.
FIM
[1]
Fala de Gabriel
[2] Fala
de Kauã
[3]
Fala da Prof.ª Regina
[4]
Fala de Kaíque
[5]
Nesse momento David contribuiu com a história balbuciando, fazendo gestos e
dizendo uma palavra ou outra fazendo com que todos entendessem o que queria
dizer.
[6]
Aqui Kauã apanhou o caderno da professora, pediu-lhe a caneta e desenhou os
olhos para mostrar como ficaram.
[7]
Fala de Kauã
[8]
Fala de Kaíque
[9]
Fala de Kauã
[10]
Fala da professora Regina Maria Oliveira de Macedo
[11]
Fala de Kaíque Rodrigues Silva Santos