sábado, 22 de dezembro de 2012

Então é Natal...



Por Lourenço Augusto Oliveira

As crianças brincavam sob a árvore iluminada em seus troncos... O tronco principal forrado por uma manta branca de fibra brilhosa irradiava as luzes que vinham da gambiarra que o envolvia e, nas  folhagens,   luzes diversas  em cores diferentes  brilhavam como  frutos irradiantes.
Na pequena área de varanda a céu aberto, piscavam pequenas luzes  numa bambuia, moita de palmeira  que  ia desordenadamente  ao beiral do telhado, onde uma cachoeira de luzes derramava seu brilho, caindo  pela parede de pedra  natural, sobre o Papai Noel que descia com seu Helicoptero, e pela grade que formava um arco medieval.  Um  conjunto de estrelas brilhando encravadas nesta grade, ia mudando as cores num sincronismo  de pisca-pisca, e também nas luzes das plantas dos jarros  como se tivessem recebendo os pingos de luzes da cachoeira,    mostravam cores diferentes em cada uma delas, piscando, piscando, piscando...
Nas portas um Papai Noel num balancinho, um arranjo de Natal, e como moldura, um cordão verde iluminado,  por onde as crianças iam e vinham  por elas a dentro e  por elas a fora.
A Sala era onde ecoava a música “Então é Natal” na voz da cantora Simone e antes outras  Merry Christmas, que tocavam  da estante  desenhada com luzes, velas, anjos e Papai Noel em suas prateleiras, e elas sempre elas as  crianças giravam no centro  e pareciam se sentir  num mundo de Papai Noel, na Casa do Papai Noel!, admirando a Árvore de Natal  que ia até quase o Teto, com infinitas e diferentes luzes piscando junto  a laços, fitas, bolas e  neves de algodão.
Cada cantinho da casa mostrava o Natal... O Natal que vivemos com nossa mãe quando éramos crianças, numa decoração mais presente diferente da época do nosso presépio, da nossa árvores de bolas de vidro, mas que em nada mudou no espírito  que buscamos manter e que todos buscaram nestes Natais Maravilhosos que nossos filhos puderam  viver junto a nós.
Então ela chegava e todos que estavam sentados deixavam suas taças de vinho, e    se levantavam para  dar inicio à festa da nossa Matriarca. Quando as luzes se misturavam com a música cantada pela voz ecoante e doce de nossa mãe, recebíamos ali, naquele momento, o Espírito do Natal.
Após a ceia ela participava dos eventos promovidos pelos netos... Relembro como o auge destes Natais a Noite  onde Dany, Nathy e Vinicius ,  mostraram a ela  seus talentos ao tocarem músicas lindas no Órgão, no Violino e no Cavaquinho .
Cada pedacinho dessa Casa de Papai Noel era enfeitado pensando nela e  nas nossas crianças,  e a ideia do clima era assim sentida  quando todos chegavam e tudo começava.
Agora, como disse nosso irmão Silvio no bonito cartão que recebi dele, nossa mãe é mais uma das estrelas que brilham na Noite Estrelada de Natal, e as crianças adultas estão revivendo em suas casas esses natais brilhantes (algumas com seus filhos) e carregam dentro de si o clima de Natal  que essa mãe maravilhosa nos deu e juntos o repassam para suas crianças nestas noites de brilho e amor ao Natal, e a Nosso Senhor Jesus Cristo.
Quando vemos nossa casa com as mesmas luzes, mas que brilham e piscam de forma diferente, fica para eu e Kacia a saudade de tudo, mas Deus nos trouxe Davi, trouxe a Rege Arthur e Joãozinho, a Leo  Leonelzinho, e também a Luiz novos filhos, Malu e Ana, e logo todos terão  mais e mais netos que certamente estarão  com seus filhos festejando este Natal, e que todos eles  possam continuar vivendo este momento único de família junto a Deus, lembrando na Noite de Natal  dela que nos deu esta família grande e maravilhosa e que foi a fundadora de todos estes Natais que estão vivendo hoje e que viverão.

    Feliz Natal meus irmãos! amo vocês!

Lourenço Augusto.

Aproveitando a carona desse texto de meu irmão Lourenço, desejo a todos um feliz Natal em 2012.

Regina Maria
   

sexta-feira, 23 de novembro de 2012

A Lua Cheia

A Lua Cheia

(Recontagem de filme por David dos Santos Conceição, Kaíque Rodrigues Silva Santos, Kauã Rodrigues Silva Santos, Gabriel Alves dos Santos e colaboração de Prof.ª Regina Maria Oliveira de Macedo.)




Aquela era uma manhã diferente na escola: As crianças iriam passar por várias salas e participar de atividades diferentes em cada uma delas: A primeira sala seria jogos, movimento e recreação; a segunda sala Oficina de Literatura e a terceira sala, oficina de Artes Plásticas.
A professora Regina foi trabalhar na Oficina de Literatura. Quando as crianças chegaram ela perguntou-lhes se queriam escutar uma história ou se queriam construir uma história. Tal como o grupo que compareceu anteriormente à sala e construíram a história O Leão Bondoso e o Misterioso Frio na Floresta as crianças disseram que também queriam construir uma história.
A professora perguntou sobre o que eles iriam escrever? De pronto Kaíque disse que queria escrever sobre a Lua Cheia. Seu irmão Kauã se entusiasmou com a ideia e complementou:
É, sobre a lua cheia e o Lobisomem.
A professora que esperava uma coisa romântica demonstrou ter se assustado. As crianças riram e insistiram nessa escrita. A professora apresentou a proposta de que ela começaria a história e eles iam completando. As crianças concordaram e ela começou a história assim:
Um dia a Lua estava muito cheia... A noite estava muito clara, mas apesar da lua está cheia e a noite bastante clara, não era possível ver a lua que tinha se escondido atrás das nuvens.


A noite estava assim bem misteriosa e [1]Wilson saiu para passear na floresta mesmo assim...
Ele ia se encontrar com uma garota de quem gostava muito. Já estava chegando perto do local do encontro quando a lua que estava escondida saiu para espiar[2].
Wilson começou a sentir algo diferente[3]: Dor na barriga[4]. Uma dor tão forte que ele se encolheu e se contorcia... Caiu no chão de joelhos e se deitou no chão e se contorcia[5]
De seu corpo começou a sair pelos... Suas unhas cresceram... Suas orelhas cresceram e ficaram quase passando da sua cabeça... Seus olhos ficaram triangulares[6] e a ires mudou para a cor verde. A pupila deixou de ser redondinha e virou uma linha. Seus dentes cresceram e também lhe nasceu um rabo.
A garota com quem ele ia se encontrar, vinha chegando nesse momento e quando viu ele se torcendo de dor, correu para junto dele para ajudá-lo, mas ao ver o que estava acontecendo deu um grito muito forte[7].
Como foi o grito? – Perguntou a professora Regina
Muito forte – Disse Kauã com os olhos brilhantes e bem vivos.
David confirmou com a cabeça o que Kauã falou e balbuciou algo. A professora olhou para os meninos com um olhar divertido e curioso. Perguntou se o grito era forte como o que ela iria dar naquele momento e gritou.
As crianças sorriram e talvez porque quisessem instigar a professora a dar gritos e se divertirem um pouco mais, disseram:
Não, muito mais forte.
A professora caprichou no grito e até outros professores vieram ver o que estava acontecendo. As crianças sorriam a valer e mais uma vez disseram que o grito era mais forte. Percebendo a traquinagem das crianças, a professora propôs:
Então vocês vão gritar para eu saber como foi esse tãããão forte grito.
Foi uma alegria. Todas elas começaram a gritar. A professora começou a rir e disse que bastava e escreveu:
A garota deu um grito tão forte que se ouviu do outro lado do planeta. As crianças riram satisfeitas e sacudiram a cabeça em tom de aprovação. A história continuou e a professora voltou a fazer os registros das falas das crianças...
Wilson olhou a garota e antes que ele virasse lobisomem gritou:
CORRREEEEEE...!



Mas sua voz estava meio de homem e meio de bicho e ela não entendeu. Ficou parada. O lobisomem foi até a garota, pegou ela e a engoliu[8].
As crianças falavam rápidas e uma ia complementando o que a outra dizia fazendo parecer que todas haviam assistido a um mesmo filme. Até David que é surdo fazia a leitura labial e se pronunciava com palavras misturadas a balbucios e fazendo gestos  conseguindo fazer com que todos o entendessem, tanto a professora como as outras crianças. 



Quando falaram que o lobisomem engoliu a menina, professora Regina interrompeu a escrita da narração das crianças:
Como engoliu?
Kauã que era o mais falante de todos respondeu empolgado:
Engoliu ela inteirinha!
Não pode! Como ela passaria pela sua garganta sem ser mastigada? Indagou a professora.
Ele tinha uma boca grandona e um pescoço grande também![9]
A professora olhou para as outras crianças e David balançava a cabeça em sinal de aprovação e posicionando as mãos de um lado e do outro do pescoço indicava que ele era muito largo. Era como se o pescoço do bicho fosse quase da largura de seus ombros que segundo Kaique que complementou a indicação de David:
É... O pescoço era muito largo... E ele era muito grande! Ela passou direitinho para a barriga dele e sumiu!
Escreve aí Pró. Disse Kauã apontando o caderno sendo aprovado por David e o irmão de Gabriel que a essas alturas, saiu de seu lugar e foi se sentar junto à professora para escutar melhor a história deles. A professora continuou a anotar o que diziam.
O Lobisomem pegou a moça e engoliu. Sua boca era enorme, o pescoço bem largo... A moça foi parar na barriga do bicho.



Quando a lua se escondeu, Wilson voltou ao normal e aí procurou pela garota e não a encontrou[10].
Ele procurou por ela a vida toda, mas nunca mais a achou, pois ele tinha engolido ela e não se lembrava de nada[11]!



E a história acabou assim? A garota morreu, Wilson ficou sozinho? Nada mais? – Perguntou Prof.ª Regina às crianças.
David balançou a cabeça para dizer que sim. A professora concluiu:
Então essa é uma história de final triste. Vou colocar “FIM” e agora vocês vão escutar uma história do Audi livro tá?
Tá. Eu quero mesmo escutar outra história – Disse Kaíque e ficou calmo escutando a história "O Patinho que não Aprendeu a Voar" de Rubem Alves acompanhando a história pelo livro da Editora Paulus que publicou essa história com ilustrações bem coloridas. Professora Regina fazia a leitura silenciosa movimentando a boca para que David acompanhasse a história também.
Em seguida as mães foram buscar seus filhos e assim foi concluída a segunda história desse dia bem divertido.

FIM




[1] Fala de Gabriel
[2] Fala de Kauã
[3] Fala da Prof.ª Regina
[4] Fala de Kaíque
[5] Nesse momento David contribuiu com a história balbuciando, fazendo gestos e dizendo uma palavra ou outra fazendo com que todos entendessem o que queria dizer.
[6] Aqui Kauã apanhou o caderno da professora, pediu-lhe a caneta e desenhou os olhos para mostrar como ficaram.
[7] Fala de Kauã
[8] Fala de Kaíque
[9] Fala de Kauã
[10] Fala da professora Regina Maria Oliveira de Macedo
[11] Fala de Kaíque Rodrigues Silva Santos

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Halloween: A Lenda de Jack da Lanterna por Regina Maria Oliveira de Macedo


A LENDA DE JACK DA LANTERNA
(Por Regina Maria Oliveira de Macedo)

Há muito tempo atrás, acho que no ano 600 antes de Cristo, vivia na Gália um homem de nome Jack que era muito grosseiro com as pessoas. Jack não respeitava ninguém: Maltratava a esposa, os filhos, os amigos... Aliás, ele não tinha mais amigos, justamente por causa dessa forma grosseira com que os tratava. Jack fazia tantas coisas erradas, era tão sem escrúpulos que foi apelidado  de "Jack Miserável".
Um dia o Diabo estava olhando a terra através do fogo mágico do inferno e viu Jack. Ele viu Jack fazendo suas maldades e gostou muito dele. Todos os dias o Diabo tirava um tempo para se divertir com as maldades que Jack fazia. Decidiu que quando Jack morresse ele iria morar com ele no inferno, mas como Jack estava demorando muito de morrer e o diabo tinha muita pressa em ter sua companhia, decidiu ir até a Terra e traze-lo para o inferno de uma vez por todas.
Quando o Diabo chegou Jack estava em uma taberna sentado à mesa com o seu jeito grosseiro de sempre exigindo da taberneira que lhe desse uma garrafa de vinho.
O Diabo sentou-se à sua mesa e antes que Jack reclamasse alguma coisa foi logo dizendo numa voz tenebrosa:
̶  Jack...  Chegou sua hora... Vim para levar sua alma... Ela me pertence. Como você está demorando muito de morrer, eu vim reivindicá-la pessoalmente, pois não quero extravios... Você, Jack é um de meus súditos mais perfeito no que diz respeito ao mau. Não vou permitir que você se torne uma boa alma... Você me diverte muito... Quero você na minha casa, e já...
Jack se assustou, mas como sempre foi muito esperto para enganar as pessoas, e sendo da iguala do Diabo não se intimidou. Disse ao diabo:
̶  Mas o senhor veio muito cedo. Eu ainda não tomei nem um gole do vinho que acabei de pedir... Não, eu não estou pronto ainda. Se quiser me levar, vai ter que esperar eu tomar o melhor vinho da minha vida! E para não ficar aí sem fazer nada, eu o convido a saboreá-lo comigo. Afinal, com o calor que faz na sua casa, duvido que já tenha tomado algo tão bom.

O diabo se animou e aceitou o convite. O vinho era tão bom que uma única garrafa não foi suficiente aos dois. Tomaram várias garrafas até que o diabo reclamou que estava na hora de irem andando.
̶  Vamos embora, meu seguidor! A hora é chegada... Pague a conta e vamos...
Jack, que era muito finório, enfiou a mão no bolso para pegar o suposto dinheiro que o diabo acreditava que ele tinha. Sabe como é, não é mesmo? O Diabo não entra no pensamento dos homens e por isso não podia ler o que Jack estava tramando. Jack fez de conta que tomou um susto:
̶  Uai, cadê meu dinheiro? Parece que algum ladino o tirou de mim sem que percebesse... E agora? Como vou pagar essa conta?
̶  Ora mais... Hás de pagar como sempre fizestes, passando a perna na taberneira. – Disse calmamente o diabo que de maldade entendia muito bem, mas Jack retrucou dando um pulo:
̶  Isto é que não! Se tem uma coisa que nunca deixei de fazer foi de pagar a conta do vinho que bebo. Tá pensando que vou deixar essa gentalha pensar que é melhor que eu? Não, de jeito nenhum! Não saio daqui sem pagar minha conta! E começou a berrar.
O Diabo, temendo chamar atenção para sua pessoa começou a ficar nervoso. Perguntou a Jack:
̶  O que você propõe que se faça para resolver o problema?
Era tudo o que Jack queria escutar. Rapidamente apresentou a proposta:
̶  Você disse que é o diabo, pois não?
̶  Sim, eu sou o Diabo.
̶  Pois então... Você não é o todo poderoso que se transforma em qualquer coisa?
̶  Mas é claro que sim, – disse o Diabo todo orgulhoso. – E o que isto tem a ver com sua história de pagar a conta?
̶  Você se transforma em dinheiro. Eu pago a conta e depois você se encontra comigo lá fora.
O diabo pensou que Jack estava querendo fugir da taberna. Deu um sorrisinho maroto e disse para si mesmo:
“Esse esperto está pensando que pode fugir de mim. Vou fazer o que ele quer e quando ele menos esperar, eu me materializo ao lado dele”.
E foi em um ZUUUPPT XÁ!  Bem rápido que num milésimo de segundo o diabo se transformou em uma moeda de ouro sobre a mesa.
Mais que rápido que nunca, Jack apanhou a moeda. Contudo, ao invés de pagar a conta, ele a guardou em uma sacola para moedas que tinha um crucifixo gravado no couro. O Diabo ficou preso. Não podia mais sair do porta-moedas de Jack. Começou a implorar que o tirasse dali. Jack, esperto que só ele, propôs:
̶  Eu lhe tiro daí sim, mas só se você me prometer uma coisa...
̶  Diga logo o que quer. – Retrucou o diabo.
̶  Pois muito bem, eu quero que você me deixe em paz por um ano. Depois de um ano você vem me buscar. Eu ainda quero ficar por aqui um pouco mais.
É que Jack pensou que, se dentro de um ano ele se tornasse um homem bom, o diabo não ia mais querer levar ele. O Diabo, porém, tinha uma norma que não deixava de seguir: quem fizesse trato com ele tinha que cumprir. Muito esperto, o diabo perguntou a Jack:
̶  Quer dizer que se eu lhe deixar em paz por um ano, quando eu voltar para lhe buscar você promete que vai comigo sem reclamar?
̶  Prometo. – Disse Jack.
O Diabo tornou a perguntar:
̶  Quer dizer que você está fazendo um trato comigo de que se eu lhe deixar em paz por um ano você vai comigo quando eu vier lhe buscar?
̶  Sim é isso que eu estou dizendo.
O Diabo deu um risinho de canto de boca e respondeu a Jack:
̶  Pois então, Trato feito!
Jack respirou aliviado. Tirou a moeda de ouro que na verdade era o diabo em forma de moeda da carteira e colocou de volta ao tampo da mesa. O diabo voltou a sua forma e falou:
̶  Trato Feito, Jack! Daqui a um ano, no dia 31 de outubro, eu volto para lhe buscar.
E assim falando desapareceu numa nuvem de fumaça deixando um enorme cheiro de enxofre no ar.
Jack respirou aliviado. Não sabia ele que trato com o diabo não podia ser desfeito. Mesmo assim, tomou a decisão de ser uma pessoa melhor. Pagou a conta e saiu da Taberna em direção à casa.
A partir daquele dia Jack resolve mudar seu modo de agir e começa a tratar bem a esposa e os filhos, passou a ir à igreja e até mesmo a fazer caridade.
No entanto, Jack não estava satisfeito com sua nova vida. Afinal, ele gostava mesmo era de ser malvado, por isso sua mudança não durou muito tempo! Um belo dia ele se esqueceu do trato feito com o diabo e voltou a ser uma pessoa ruim. Por fim chegou novamente o dia 31 de outubro.
Jack estava indo para casa depois de uma noite de farra quando o Diabo apareceu. Jack levou um susto, mas esperto como ele só fez de conta que não se assustou.
̶  Bem vindo, diabo. Como você demorou!
O diabo se espantou com a atitude de Jack:
̶  Não me diga que estava ansioso que eu chegasse... – Disse o diabo desconfiado. Jack se apressou em explicar:
̶  Pois é, estava sim... É que a semana passada, quando vi essa macieira carregada, fiquei pensando em como deve ser bom assar maçãs lá no braseiro da sua casa...
O diabo sorriu... Olhou a macieira e pensou que seria uma novidade no inferno... Chegou a sentir o cheiro das maçãs assadas... Quando Jack viu o olhar sonhador do diabo e sua língua a passar sobre os lábios, lambendo-os, viu que o diabo iria cair na sua conversa. Botou seu plano em ação:
̶  É, seria bom... Pena que não vai poder ser... – Jack falou como quem estava pensativo, meio lamentando... e suspirou dizendo rápido:
̶  Bem, estou pronto, diabo. Pode me levar.
O diabo se espantou com a pressa e perguntou:
̶  E as maçãs assadas?
Jack viu que seu plano estava dando certo. Respondeu olhando a copa da macieira carregada, como quem estava desanimado e resignado:
̶  Deixa para lá... Não vai dá certo mesmo...
̶  Por que não vai dá? – Perguntou o diabo mais curioso ainda.
̶  Ora, eu não vou poder colher maçãs, pois não sei subir na macieira e você, com certeza, sendo o rei dos infernos, não vai querer subir nessa árvore para colher maçãs como um empregado qualquer. Portanto, vamos embora e que as maçãs fiquem aí.
Assim dizendo Jack convenceu o diabo a pegar umas maçãs da árvore para levar para assar no inferno. Quando o diabo subiu no primeiro galho, Jack pegou um canivete em seu bolso e desenhou uma cruz no tronco. Dessa forma o diabo ficou preso na árvore e não pode mais sair. Desesperado começou a implorar a Jack que o tirasse dali. Jack diz que não, pois não quer morrer ainda. O diabo, então, promete partir por mais dez anos.
Jack não aceitou a proposta. O diabo então lhe perguntou:
̶ O que, então, você quer para me tirar daqui?
Jack sorrir, maravilhado. Ele podia pedir tudo ao diabo naquele momento... Então ele determina:
̶  Eu  tiro você daí se você me prometer fazer de mim um homem muito rico e que nunca mais você virá aqui na terra para me aborrecer.
̶  Está bem, disse o Diabo já pensando em se mandar sem atender ao pedido de Jack, mas Jeck se lembrou das palavras dos contratos. O Diabo não disse "Trato Feito" disse "Está Bem" e ele sabia que bem, diabo não faz. 
̶  Está bem, não. Quero saber se o Trato está feito. Como é Diabo... Trato Feito?
O diabo perdeu a esperança de enganar Jack. Poderia até tentar outros truques, mas a Cruz que tinha na árvore já o estava transformando-o em uma árvore para sempre. Se demorasse mais um pouco nunca mais ele seria o Diabo outra vez. Não lhe restou outra alternativa senão fazer o trato.
̶  Trato Feito! Trato Feito! Me tire logo daqui.
Jack o liberta da árvore. Assim que se viu livre o diabo deu a Jack o prometido e foi-se embora danado da vida por ter se deixado enganar mais uma vez. Jurou, no entanto, que um dia Jack lhe pagaria por lhe ter feito de bobo.
O tempo foi passando e Jack ficou velho. Um dia ele pegou uma gripe muito forte e como continuava sendo uma pessoa muito malvada, não achou quem quisesse cuidar dele. Resultado: Jack foi piorando... Piorando... Até que um dia ele morreu.
Sua alma saiu do seu corpo e voou até a porta do Céu. Chegando lá, Deus lhe disse que não podia ficar no céu, pois lá só podia entrar quem tinha sido uma boa pessoa na Terra. Jack tentou até enganar a Deus, mas acontece que Deus sabe tudo o que se passa no coração do homem e também na sua mente e assim, Jack não conseguiu entrar no Céu.
Sem outra alternativa ele foi para o inferno. Mas o Diabo quando o viu, lhe falou:
̶  Ah, não! Aqui você não entra. Você me enganou duas vezes; não vai me enganar pela terceira vez. Pode ir embora daqui.
Jack olhou em volta e não viu nada. Tudo era apenas uma enorme escuridão. Ficou apavorado. O inferno era quente, mas ele pelo menos já conhecia o Diabo... Se nem o Diabo o queria, o que iria fazer? Começou a chorar. Para sua surpresa, o Diabo jogou para ele uma brasa dizendo:
̶  Não sou tão ruim como você, Jack. Tome essa brasa em consideração aos divertimentos que você me proporcionou quando lhe acompanhei na terra através do meu fogo mágico. Com ela, ilumine seus caminhos quando caminhar pelo limbo, rá, rá, rá, rá... Tome cuidado, pois se ela se apagar você ficará no escuro para sempre. – E assim dizendo, deu mais uma gargalhada infernal e fechou a porta do inferno.
Jack olhou a brasa e viu que ela começava a se apagar. Desesperado, olhou em volta e viu um nabo oco no chão. Apanhou o nabo e colocou a brasa dentro dele para que durasse mais e saiu perambulando pela escuridão.
Andou, andou e muito tempo se passou até que um dia ele encontrou uma bruxa que estava morrendo de frio. 
A bruxa tinha vindo dos Estados Unidos e carregava uma abóbora. Sua intensão era plantar as sementes pois sabia que as abóboras simbolizavam fertilidade e sabedoria, mas quando passou pelo limbo, não suportou o frio. Para sorte dela, nesse dia Jack tinha aprendido a ser um pouco melhor. Ele se sentia muito só... 
Sentou-se perto da bruxa, colocou as mãos dela em volta do nabo onde estava a brasa e a ajudou se aquecer com o calor que emanava dele.
A bruxa recuperou suas forças e para agradecer a Jack deu um jeito para que a brasa do nabo nunca se apagasse: pegou sua abóbora, retirou os caroços, desenhou olhos, nariz e uma boca sorridente. 
Em seguida fez um corte nesses desenhos de forma a abrir buracos como se a abóbora fosse uma cara. Colocou a brasa dentro dela, recolocou a tampa por onde tinha retirado as sementes, amarrou uma corda  de um lado e outro da abóbora, de forma a fazer uma alça, e a entregou a Jack dizendo-lhe:
̶  Não posso lhe tirar daqui, pois você contrariou até o diabo e não sou boba de chatear alguém tão poderoso quanto ele. Assuntei que foi o próprio diabo quem lhe deu essa brasa... Por isso coloquei ela dentro dessa abóbora onde esculpi essa cara. Aqui dentro essa brasa não vai apagar nunca mais e quando chegar o dia 31 de outubro, único dia em que os mortos poderão visitar a terra, você coloca a abóbora na cabeça e usa essas correntes com essa lanterna. 
A abóbora vai lhe esconder  e o fogo não vai lhe queimar pois nesse dia, assim que você colocar a abóbora na cabeça, ele vai parar dentro da lanterna que as correntes têm na ponta. Assim disfarçado, você vai poder dar uma voltinha lá.  O diabo não vai saber que você saiu do Limbo. Agora não se esqueça, você só poderá fazer essa transformação e ir à Terra no dia 31 de outubro que é o dia do Halloween. Volte antes de clarear o Dia de Todos os Santos. 



Depois dessa conversa a bruxa montou em sua vassoura e foi embora. Jack ficou lá, caminhando na escuridão que agora estava bem mais iluminada, graças à abóbora da bruxa. 




Nesse dia ele decidiu que todo dia 31 iria à terra e quando visitasse as pessoas ele lhes perguntaria:
̶  Durante o ano você fez doces, ou fez travessuras?
Se as pessoas lhes dessem doces ele saberia que elas não fizeram travessuras e na casa dessas pessoas haveria paz e harmonia, mas se as pessoas não tivessem doces para lhe dar, Jack saberia que não foram boas, pois pessoas boas sempre têm algum doce em casa para oferecer às visitas. Então na casa que não tinha doces haveria muita atrapalhação até o dia em que Jack voltasse, para saber se a pessoa fez doces ou travessuras, outra vez.






Fim