quarta-feira, 25 de setembro de 2013

LOUSA INTERATIVAS SÃO COMO...?
(por Regina Maria Oliveira de Macedo)

Em  uma velha escola pública duas criaturas de Deus conversavam. Duas criaturas uma chamada Sonhadora e a outra chamada Cética. Com qual das duas você se identificaria? Observe o diálogo.

− Que bom que temos hoje essa tecnologia toda a serviço do ser humano que bom principalmente para aqueles que têm uma deficiência!
Precisamos usá-la com mais intensidade e aproveitar tudo de bom que essa tecnologia possa nos oferecer. Pena que nem sempre isto chegue a todos e a todas. Ah, como seria importante ter em nossas salas de aula a Lousas Interativas...!
− Lousas Interativas? Que é isto de Lousas Interativas?
− Uma maravilha da informática que está aí para ajudar os professores em sua mediação com as crianças. Pode-se dizer que é o quadro negro do futuro que já não é mais tão do futuro assim...
− Quadro Negro? Então não é nada de moderno... Mais um pé no passado, com certeza!
− Quadro Negro sim porque de certa forma, funciona como os Buracos Negros do Universo que devolve o que absorve, mas não do mesmo modo e forma que captou, mas sim em forma de radiação[1], dando à plateia informações preciosas sobre o que é preciso conhecer.
− Continue...
− Em uma aula de alfabetização com crianças, por exemplo; se uma Lousa Interativa for posicionada à altura de uma delas que usa cadeira de rodas, e o professor arrumar sua sala posicionando as cadeiras dos demais alunos da classe em um semicírculo, como uma aula assim não seria interessante?

− Estou acompanhando, siga em frente sonhadora... Mas lembre que aqui as carteiras são umas atrás das outras, viu?
− A criança poderá, mesmo sem abrir as mãos, trabalhar com uma Lousa assim e, junto com seus colegas, fazer a prática da leitura e da escrita, do desenho, da pintura, da arte, em fim, uma imensidão de coisas...
− Tá, e aí essa tal Lousa Interativa teria uma porção de crianças na frente dela e nem todas poderiam visualizar o que essa criança cadeirante estaria fazendo...



− É, talvez você tenha razão, minha cara cética... Já se deveria voltar a pensar no velho tablado na sala de aula...
− Tablado em sala de aula? Como assim? Isto é coisa da escola tradicional! Pare por aí Sonhadora; você já não está dizendo coisa com coisa.

 E Sonhadora, continuou sua explicação sem se deixar abater pelas colocações de Cética:

− Pois é, o velho tablado da escola tradicional... Só que na escola atual, moderna, esse tablado seria o palco do aluno. Ali todos poderiam subir e ter acesso a essa lousa, de forma que todos os outros alunos tivessem a visão do que seus colegas digitam (ou escrevem) nela. A visão do que seu colega criar... Afinal, a vida é um palco e o conhecimento deve ser apresentado em palcos.
− Mas de onde você tira essas ideias?!  Cética perguntou já um pouco irritada com tantos sonhos colocados na sala dos professores daquela velha escola onde as duas passavam a maior parte do tempo de suas vidas...

Sem pestanejar Sonhadora continuou:

− Na internet, ora bolas. Lá tive a oportunidade de observar crianças de uma sala de alfabetização trabalhando com Lousa Interativa.  Pude perceber a alegria de construir juntos. O professor mediador apresentava uma pergunta sobre o tema trabalhado e as crianças agiam de acorde com o que fora proposto pelo professor, num movimento de criação, troca e ensinamentos maravilhosos.
− Isto é coisa de sonho! Lousas interativas em sala de aula? Ah, essa quero ver...  Nem em cem anos isto chega às escolas públicas do Brasil! Ainda mais com toda essa sua proposta de tablados em sala de aula... Rá, rá, rá, rá, rá!

Sonhadora não se deixou abater. Continuou com sua conversa de sonho, olhos brilhantes, parecendo estar vendo um mundo bem distante dali; um mundo ainda invisível aos olhos de Cética.

− As Lousas Interativas já chegaram a algumas escolas públicas do Brasil. E se não chegou a todas ainda é porque há pessoas que são descrentes. 

E num rompante Sonhadora transcendentalizou:

 Descrentes, assim como você que durante essa leitura fazem comentários como os de Cética, consigo mesmos.

(Você tomou um susto, querido leitor? Pois é, o mundo é assim mesmo: há sempre alguém olhando e sentindo o outro e nesse momento, sinto você).




E Sonhadora continuou:
− Dá uma olhada no You Tube.
− Olhada no You Tube?
− Sim, qurida pessoa Cética; uma olhada no You Tube. Aquele site onde todo mundo publica imagens interessante, filmes de curta e de longa duração, etc.
− Ah, agora você está “De Volta Para o Futuro”!...

Sonhadora não deu atenção à ironia de Cética. Continuou:

− Hoje em dia os computadores estão em toda parte, Cética. Com certeza, não será preciso esperar nem cinco anos para que a Lousa Interativa seja fabricada em uma escala tal, que seu preço fique accessível a todos e a todas e, em muito em breve, o quadro branco estará presente nas salas de aula só como um suporte de apoio à Lousa Interativa.
− Você insiste em sonhar, não é mesmo? Pare de sonhar, criatura!
− A fila anda, querido ser descrente...  Ou o Brasil acompanha o mundo ou fica para trás acreditando em velhos sonhos das décadas de 40, 50, 60... Os brasileiros precisam pensar e planejar a frente de seu tempo. Chega de ficar querendo abrir círculos que já foram fechados há muito tempo... Afinal de contas a espiral do conhecimento sempre se transforma ao completar uma volta e passa a construir uma nova célula.
Aproveite o intervalo e veja nesses endereços atividades  com Lousa Interativa. E para que você não diga que esse equipamento não pode ser trabalhado com crianças, há alguns com atividades com crianças. 
Explore também outros sítios que tratam do assunto e acredite no sonho! E mais; não apenas acredite, mas trabalhe em prol dele acontecer.

Endereços sobre Lousas Interativas:








[1] Buracos Negros / guilherme menegussi. Disponível em http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAuKQAH/buracos-negros

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

UM NOVO CAMINHO
(Por Regina Maria Oliveira de Macedo)

Ao receber o tema O desafio de Alfabetizar na atualidade, a partir do trecho do texto de Jennrich e Grosch que diz:

"Um grande desafio para alfabetização na atualidade é garantir a leitura e a escrita como uma atividade ligada ao prazer no dia-a-dia do aluno. Mas para que isso ocorra, a escola precisa urgentemente avaliar seus objetivos na produção de textos. Utilizando-se da leitura e da escrita, o aluno poderá interagir, criticar, construir, comunicar, registrar e expressar seus sentimentos e conhecimentos. O ato de ler e escrever abre possibilidades para o sujeito se desenvolver num contexto de trocas sociais e culturais intensas." (JENNRINCH e GROSCH)[1].


Há um inquietar-se instalado no coração do professor quase que imediato. Questionamentos são feitos: O ato de ler pode acarretar desprazer? Que pode ser feito para que o prazer de ler seja instalado? 
E ao se deparar com a fonte do trecho apresentado, onde se lê “A LEITURA E A ESCRITA REPRESENTAM PRAZER OU MEDO”?[2] Aí sim é que o professor alfabetizador ou qualquer professor pesquisador é provocado a entrar em um mundo de reflexão e até mesmo retornar, em pensamentos, à sua fase de alfabetização, com novos questionamentos: “Como aconteceu comigo a alfabetização?” “Que senti?” e nesse ir e vir no pensamento do tempo, ele se vê em sala de aula... Como acontece essa alfabetização na sala de aula?

Um desafio: Como fazer os estudantes sentirem prazer em ler? Apenas lhes oferecendo livros?
Muitas ações podem ser feitas nesse sentido uma delas o pedido de que cada um traga para sala algo para ser lido: uma notícia de jornal, uma piada, um conto, uma poesia... Também o próprio professor pode iniciar suas atividades com uma leitura que estimule o prazer... Assim como fazem alguns apresentadores de programas diários que iniciam com um texto de autoajuda ou de reflexão.
Projetos de leituras feitos com os estudantes, construção de cantos de leituras em sala de aula, momento da leitura diária, escuta de leitura, são outros meios de criar o habito e o prazer de ler, mas nada como associar a arte e a música a essas leituras.
Um exemplo desse prazer, desse despertar do desejo de aprender a ler está na plateia que se forma nas feiras para escutar o cordelista.
Ah, o Cordelista! Fazendo uma parada para analisar esse personagem da cultura popular brasileira, tão real e tão presente nas feiras livres dos interiores do Nordeste brasileiro e fazendo um parâmetro com música e leitura, se percebe que ler e escrever textos é bem parecido com ler e escrever músicas. Há em ambas as formas dois itens importantes: símbolos e sons.
Então se o professor fizer essa associação de alfabetização musical com alfabetização da linguagem (pode-se dizer assim?) quem sabe os medos que alguns estudantes trazem, desde a mais tenra idade escolar, não se disfarçam?
“Quem canta seus males espanta” já dizia o velho ditado; então que na sala de aula, além de todos os recursos que se possam criar e planejar para se ter à mão, portadores de textos prazeroso, que haja também a música. Isto para que, com a música  presente nesses momentos de aula, haja a motivação necessária para que não apenas o A, E, I, O, U tenha som, mas todas as consoantes também; e que não apenas o instrumento livro marque presença, mas também o instrumento musical  e que as crianças não apenas leiam, mas também escutem – “A palavra é de prata, mas o silêncio é de ouro” – e tenham a experiência do toque.
Afinal, não é a toa que os editores de livros ultimamente, têm tido o cuidado não apenas com as ilustrações de seus livros, com o movimento que pode acontecer com os livros pop-ups, mas também com os sons que podem sair desses livros; e agora também os cheiros.
Nisso a inclusão ajudou muito a humanidade... Para o cego o tato é muito importante e os livros agora ganham outras dimensões: forma, texturas, cheiros, tridimensionalidade, sons... Que mais virá daí?
A sala de aula precisa dar novas dimensões aos textos produzidos em sala... Que criança não sentirá prazer em participar de produções assim? Que estudante não quer ser partícipe de sua produção?
É... talvez seja esse o caminho...







[1] JENNRINCH, Maira; GROSCH, Maria Selma - A LEITURA E A ESCRITA REPRESENTAM PRAZER OU MEDO?
[2] A Leitura e a Escrita Representam Prazer ou Medo? / JENNRINCH, Maira; GROSCH, Maria Selma;  Disponível em http://www.posuniasselvi.com.br/artigos/rev02-03.pdf