terça-feira, 9 de fevereiro de 2016

HISTÓRIAS DO BRASIL

Uma História de Independência: 
Do 07 de Setembro, Independência do Brasil 
ao 02 de Julho Independência do Brasil na Bahia
(Regina Maria Oliveira de Macedo)

Há muito tempo atrás, o Brasil pertencia a um país da Europa chamado Portugal. Nessa época os brasileiros não podiam fabricar as coisas que queriam e nem podiam comprar nada dos outros países.
O rei de Portugal obrigava os brasileiros a mandarem para ele toda nossa matéria prima: madeira, açúcar, ouro... enfim o que tivesse aqui de bom era mandado para Portugal e lá eles transformavam em produtos que embora eles tivessem recebido a matéria prima de graça, vendiam ao povo brasileiro pelo mesmo preço que vendiam a quem com nada contribuía.
Os povos brasileiros viviam infelizes. Suas vidas resumiam-se em trabalhar para o reino de Portugal.
Um dia o imperador Napoleão Bonaparte, da França Invadiu Portugal. O rei, D. João VI fugiu para o Brasil. Apanhou toda a riqueza de Portugal e veio para cá.
Quando chegaram ao Brasil ocuparam as casas dos brasileiros até quando seus castelos ficaram prontos.
Como não queriam ficar sem o conforto que tinham em Portugal, trataram de permitir que os brasileiros comprassem as coisas dos outros países, criou um Jardim Botânico, pois gostavam de frequentar bons jardins e para que os filhos dos nobres tivessem acesso à cultura foi criada a Biblioteca Nacional e a Imprensa Régia.
O rei D. João fez com que o Brasil deixasse de ser Colônia para ser Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves. Mas o que os brasileiros queriam mesmo era a independência. E eles tinham razão, pois quando Napoleão Bonaparte foi derrotado e preso pelos ingleses D. João VI resolveu voltar para Portugal.
Os brasileiros ficaram apreensivos, mas ele deixou seu filho D. Pedro I aqui no Brasil para continuar governando.
D. Pedro gostou de ser a principal autoridade no Brasil e não gostou nadinha de receber ordens do rei de Portugal que queria que os brasileiros voltassem à mesma vidinha sem graça de antes dele vir para o Brasil. D. Pedro queria comprar as coisas de que gostava e o rei queria que os brasileiros voltassem a só comprar os produtos que eram produzidos em Portugal para que esse país continuasse a receber muito dinheiro e viver e o seu povo vivessem tranquilamente como era antes de eles virem fugidos para o brasil.
Em janeiro de 1822, D. Pedro recebeu ordens de seu pai para que voltasse imediatamente para Portugal.
D. Pedro não queria voltar. Ele gostava de viver aqui e de ser respeitado como Rei. Mas o rei estava ordenando sua volta. O povo brasileiro se movimentou para que o Príncipe não retornasse a Portugal. Afinal, se isso acontecesse o Brasil voltaria a ser colônia e os brasileiros voltariam àquela vida miserável de antes da família real vir para o Brasil.
O povo foi para as ruas. Houve um abaixo assinado pedindo para o Príncipe não voltar. E como D. Pedro já não queria voltar mesmo (afinal lá em Portugal ele não teria a mesma posição que teria se ficasse no Brasil), mas mesmo assim ele ainda estava indeciso entre obedecer ao pai dele e alegrar ao povo brasileiro e a si mesmo.
No dia 09 de janeiro de 1822, ele recebeu das mãos do Partido Brasileiro um abaixo assinado com oito mil assinaturas. D. Pedro não coube em si de contente e, vendo o povo aglomerado em frente ao palácio, as assinaturas no abaixo assinado, ele não se conteve. Decidiu ficar. Levantou-se da mesa e disse:
— “Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico”.
Esse dia ficou conhecido como “O Dia do Fico”.
A partir daí, D. Pedro "pulou de cima do muro" e se posicionou a favor da ruptura com Portugal.
Os portugueses que moravam aqui no Brasil e que não gostaram da decisão de D. Pedro foram reprimidos.
D. Pedro também determinou que nenhuma ordem que as Cortes lá em Portugal inventassem teria sentido aqui, a não ser que ele próprio assinasse o documento com um "Cumpra-se".
O rei de Portugal ficou furioso e mandou tropas para cá, que o imperador logo tratou de despachar de volta. Além disso, D. Pedro formou um novo ministério, que tinha brasileiros e portugueses, mas a chefia era de um brasileiro: José Bonifácio de Andrada e Silva.
Tratou de fazer a primeira Constituição do Brasil e organizar a Marinha de Guerra.
Um dia, quando D. Pedro estava fazendo uma viagem para São Paulo, ele estava às margens do Riacho Ipiranga dando água aos cavalos quando recebeu uma carta de José Bonifácio, outra de D. Leopoldina e outra do Rei de Portugal informando a ele que a Assembléia Constituinte estava anulada e exigia a volta imediata dele para a Portugal.
D. Pedro ficou indignado com a falta de respeito a sua pessoa e às suas decisões e ali mesmo, virou-se para os soldados que o acompanhavam  arrancou os laços com as cores da bandeira portuguesa que trazia no peito e ordenou:
― “Laços fora soldados! As cortes de Lisboa querem escravizar o Brasil; não permitirei” ― levantou a espada e gritou : ― “ Independência ou Morte !".
Este fato ocorreu no dia 7 de setembro de 1822 e a partir daquele dia o Brasil se tornou independente de Portugal e passou a caminhar com suas próprias pernas.

 Mas a história não acabou aí, não.

Os portugueses vieram para a Bahia onde se concentrou o principal foco de resistência à nova ordem do imperador.
Os Portugueses que tomavam conta dos interesses do rei de Portugal em Salvador decidiram não deixar o comando da província nas mãos de brasileiros. Decidiram que quem tinha de comandar era o general Inácio Luís Madeira de Mello. Mandaram o nome para Portugal e a nomeação veio de Lisboa[1].
O Governador das Armas, general Madeira de Mello, dispunha de consideráveis forças de terra e mar; contra esse poder levantaram-se os patriotas baianos. A reação, a princípio desarticulada e sem unidade, aos poucos organizou-se e alastrou-se por toda a província[2].
Dentro de alguns meses os portugueses estavam praticamente confinados a Salvador e seus arredores; embora possuindo a superioridade no mar[3].
A sorte da guerra dependia decisivamente do domínio da Baía de Todos os Santos e o consequente controle do abastecimento e das comunicações entre as vilas confederadas. Compreenderam os patriotas que pouco poderiam esperar dos sucessos do mar, se não contassem com forças ofensivas; nessa emergência surgiu a Flotilha Itaparicana, assim chamada pelos seus contemporâneos, que durante mais de sete meses trouxe desassossego e reveses aos lusitanos[4]
Foi escolhido para o seu comando o segundo-tenente da Armada Nacional e Imperial João Francisco de Oliveira Botas, que recebeu ordem de seguir logo para a base em Itaparica, onde deveria iniciar a "armação e arranjos" de "três barcos de borda falsa capazes de sofrer artilharia" e de mais um barco, doado pelo rico português Antônio Souza Lima, que aderira aos revoltosos[5].
Chegando em Itaparica em fins de novembro de 1822, João das Botas deu início a febril atividade. No dia 6 de dezembro era lançado ao mar o primeiro barco artilhado, denominado Pedro I. A flotilha foi aumentando ao longo da campanha, alcançando um efetivo de quase 800 homens[6].
Na Ilha de Itaparica os Portugueses invadiram a localidade de Gameleira e expulsaram os moradores que com medo foram refugiarem-se na mata.
Maria Felipa, uma crioula estabanada, alta e corpulenta, que usava torço e saia rodada[7] não gostou nadinha de perder sua casa para os portugueses. Ela ficou com muita raiva deles.
Não foi preciso nenhum disfarce para lutar pela independência de seu povo. Foi vestida de si mesma, armada de palavras duras, um exército de mulheres e galhos de cansanção que a lendária Maria Felipa enfrentou os portugueses no século XIX. Era um desaforo ignorar a resistência dos pescadores e marisqueiras da Ilha de Itaparica aos ataques de Madeira de Melo. A heroína negra, esquecida pela história oficial, fez jus à bravura das massas rebeladas[8]. Comandando um bando de mulheres, desceu para a Praia do Convento com as saias rodadas e as batas que deixam um pedaço do ombro de fora. Para os soldados que vigiavam as embarcações do general Madeira de Mello parecia que as raparigas estavam se oferecendo. De fato, elas se aproximaram daquele bando de portugueses como se fossem seduzi-los, mas ao ficarem perto o suficiente, desembainharam os galhos de cansanção que traziam escondidos, como se a planta irritante, que causa uma mistura infernal de dor e coceira, fosse a espada da justiça[9].

       O ataque inesperado, vindo de um bando de mulheres, tirou o sossego do acampamento inimigo. A surra com os galhos de cansanção deixou os marinheiros sem reação. Enquanto eles se contorciam no chão, esfregando a pele na areia para retirar a peçonha, as mulheres atiraram tochas nos barcos mais próximos. O saldo de tão engenhoso ataque foi de 42 embarcações queimadas, uma baixa significativa na frota reunida pelo general Madeira de Melo para atacar Itaparica. A intenção dele era usar a ilha como base de comando para dominar a Baía de Todos os Santos e assim conquistar Salvador[10].
Essa baixa na armada portuguesa enfraqueceu os planos de Madeira de Melo. Com isso, a flotilha itaparicana comandada por João das Botas pode auxiliar Lord Alexander Thomas Cochrane na expulsão dos Portugueses da Bahia, pois com parte da frota destruída faltou a Madeira de Melo condições de manter o bloqueio ao Porto de Salvador que passou às mãos dos brasileiros.
Desesperançado de qualquer reforço, lutando com dificuldades insuperáveis para abastecimentos, Madeira de Melo viu a flotilha itaparicana surgir da Ilha de Itaparica para garantir reforços[11].
Assim, no dia 2 de julho de 1823, resolveu abandonar o Brasil embarcando nos navios portugueses e seguir rumo à pátria. Essa fuga foi a primeira grande demonstração do valor da Marinha na independência do Brasil.




[1] Pesquisado junto ao site da FAPESP em 02 de setembro de 2007 no endereço http://www.revistapesquisa.fapesp.br/?art=2755&bd=1&pg=3&lg=
[2] Pesquisado junto ao Site “Novo Milênio” em 02 de setembro de 2007 no endereço http://www.novomilenio.inf.br/festas/1822i.htm
[3] Idem à referência dois.
[4] Idem à referência dois.
[5] Idem à referência dois.
[6] Idem à referência dois.
[7] Osório, Ubaldo em A Ilha de Itaparica.
[8] Santana, Andréia: Saite  A Mulherada. Texto capturado em 02 de setembro de 2007, no endereço http://www.amulherada.org.br/mariafelipa.htm
[9] Idem à referência nove.
[10] Idem à referência nove.
[11] Texto capturado da internet em 02 de setembro de 2007. Endereço https://www.mar.mil.br/menu_h/historia/historia_naval/independ_04.htm .