sábado, 28 de abril de 2012

FEIRA DE SANTANA, BERÇO DE MINHA FAMÍLIA


Feira de Santana,
Berço de Minha Família
(Maria da Hora Oliveira – Vovó Zeza,  em dezembro de 2007)

Feira de Santana originou-se vivenciando a hospitalidade. Os compradores destas terras vieram de longe, de Portugal, como todos os colonizadores de Brasil: Domingos Barbosa de Araújo e Ana Brandoa. Eram católicos, devotos de Sant’Ana e por isso deram à sua fazenda o nome de Santana dos Olhos D’Água em homenagem à sua padroeira Sant’Ana e em decorrência da grande quantidade de nascentes de água potável que, espontaneamente brotavam deste chão.
Os viajantes, tropeiros, boiadeiros, que desciam do sertão para comercializar suas mercadorias nos grandes centros comerciais do recôncavo, aqui paravam para descanso da meia jornada e encontravam assim a hospitalidade dos fazendeiros Domingos e Ana, juntamente com pastagem para seus animais e principalmente água em abundância.
O casal, donos da fazenda, havia construído, ali, uma capelinha em homenagem a sua padroeira. Aos domingos se reuniam para suas orações. Reunidos ali os viajantes aproveitavam a oportunidade para troca dos seus produtos, originando-se assim, uma mini-feira livre.
Domingos e Ana não tiveram filhos. Sem herdeiros, doaram suas terras à Senhora Sant’Ana que, com a morte do casal, continuou recebendo os seus viajantes, todos vindos de longínquas paragens, aqui convergidos para o descanso merecido. Alguns ficavam. Fixavam residências... Ia surgindo o casario, formava-se o povoado, depois a vila, com sua feirinha de Sant’Ana, atração da vizinhança. Daí a tornar-se uma cidade foi um pulo.
Como todos os que aqui chegavam, em busca de alguma coisa, também cheguei. Cheguei em busca do saber. Era o início do ano de 1944. Tinha meus 18 anos. Queria ser professora. A nossa cidade já estava transformada numa pequena princesa, com suas três ruas principais: Rua Direita, hoje Rua Conselheiro Franco; Rua do Meio, hoje Rua Marechal Deodoro e a Rua Senhor dos Passos, ostentando bonitas residências de usineiros e comerciantes.
Fiz o exame de admissão para ingressar na Escola Normal. Meus examinadores: Dr. Gastão Guimarães (Diretor da Escola); Profª. Esmeralda Machado de Britto, posteriormente minha amiga e benfeitora; Profª. Sidronia Jaqueira; Profª. Regina Vital, mais tarde minha comadre e Profª. Ursula Martins. Passei no exame que era um mini-vestibular. Passei! Que alegria, quando tímida, temerosa de não haver passado, ouvi alguém dizer, lá na frente do grupo que se espremia, cada qual querendo ver se o nome estava na lista dos classificados: “Quem é Maria da Hora Oliveira? Passou em 1º lugar...” Nem esperei achar passagem para chegar à frente. Saí correndo e fui avisar à dona do pensionato onde estava hospedada. Entrei gritando: Passei, passei Dona Enedina, passei em 1º lugar!
Feira de Santana era, então, uma princesa tão pequena, que o primeiro trabalho dado pela professora de geografia, no primeiro mês de nota, era levantar o croquis da cidade. Isso fizemos em apenas uma manhã de caminhada pelas ruas.

Formei-me em professora primária em 1948. Em 1949 seguia contratada estagiária para o interior de Rui Barbosa (Morro das Flores) a fim de levar o saber, a cidadania às crianças do sertão. Em janeiro de 1950 fiz concurso para me efetivar no estado. Passei e fui nomeada professora primária efetiva com exercício na Escola Estadual do Ichu, Município de Riachão do Jacuípe. Em maio de 1951 fui transferida para a Escola Aníbal Benévolo, em Feira de Santana e contratada para substituir o professor de Didática Geral e Especial da Escola Normal.
Em fevereiro de 1952 casei-me. Em março do mesmo ano, já no início da gravidez, inscrevi-me para uma Bolsa de Estudos, com um ano de duração, no Instituto Nacional de Estudos Pedagógicos – INEP, para especialização em Didática Geral, Especial e Práticas Escolares. Era Ministro da Educação o saudoso baiano, Dr. Anísio Teixeira.
Passei nos testes, mas também passei a primeira gravidez toda fora de casa, do marido e de Feira de Santana, num pensionato em Salvador. Em novembro, um rebate falso de parto fez o meu médico, Dr. Guedes de Mello, telefonar para a diretora dos cursos, pedindo o meu afastamento, para repouso. Perguntei-lhe se podia ter a minha criança em Feira de Santana. Com o seu consentimento viajei para Feira e no dia 21 de novembro Márcia nasceu. Após 15 dias de parto voltei para fazer as provas finais. Não faltou quem tomasse conta da “Inepinha” como era chamada, Márcia pelas companheiras de pensionato.
Valeu a pena o sacrifício, pois graças à aquisição deste diploma adquiri direito ao Nível Universitário.
Em 1954 fiz concurso para me efetivar na Cadeira de Metodologia Geral e Especial da Escola Normal, onde eu já trabalhava como contratada e, graças a Deus e a nossa padroeira, Senhora Sant’Ana o resultado foi plenamente satisfatório, embora tivesse de esperar 04 anos, todo o governo de Antonio Balbino, para ser nomeada pelo seu substituto governador Dr. Lomanto Júnior.
A história do meu marido é bem mais emocionante que a minha. Era um viandante fugido da seca do sertão da Bahia. Tinha também 18 anos. Era talvez o ano de 1931 ou 1932. A seca insistia em exterminar o gado, a plantação, tudo da fazenda dos seus pais, Jovelino e Isabel. Eles não queriam abandonar a terra, seus pertences. Leonel, o mais velho filho dos homens, não suportava mais ver o sofrimento da família. Juntou seus pertences e foi para a beira da estrada, onde passavam os tropeiros, para buscar companhia. Viajou a pé, com seus companheiros, sofrendo as peripécias da caminhada, até chegar à cidade hospitaleira: FEIRA DE SANTANA. Dormiu com os tropeiros e no dia seguinte, pela manhã, saiu à procura de trabalho. Logo se deparou com a construção de uma residência. Como entendia um pouco de marcenaria, experiência que adquirida na construção de móveis e objetos da própria fazenda, apresentou-se como marceneiro. O dono da construção, Senhor César Martins, perguntou-lhe:
— Como se chama?
— Leonel Carneiro Oliveira, ele respondeu.
Sabendo que era da família dos Carneiros e dos Oliveiras, pioneiros de Riachão do Jacuípe, não só contratou seus serviços, como o levou para sua residência e o apresentou a sua esposa, Dona Inês, que o acolheu e ofereceu-lhe acomodação nas dependências de sua casa.
Leonel comunicava-se com a família por intermédio dos tropeiros. Passado algum tempo a seca acabou. Um dia recebeu da sua mãe um pacote com espigas de milho assado e um bilhete que dizia: Volte! Era uma demonstração de que a chuva já havia chegado e a plantação já estava produzindo mantimentos. Não Voltou. O Senhor Martins o mandou para Ilhéus para construir barcaças de secagem de cacau na fazenda de seu irmão. Lá passou uma temporada. Como não tinha despesas alimentícias, juntou uma boa quantia, voltou para Feira de Santana, comprou sua própria residência e montou sua pequena serraria no largo onde é hoje a Praça Presidente Médice. Daí, algum tempo depois, voltou à fazenda dos seus pais, Jovelino Carneiro de Oliveira e Isabel e os convenceu a vender a fazenda e comprar um sítio aqui, em Feira de Santana.
Nosso relacionamento começou lá pelos anos de 1946, nos encontros religiosos dos grupos da Ação Católica, da Igreja Matriz de Sant’Ana. Eu pertencia à JEC, Juventude Estudantil Católica e Leonel à HC, Homens da Ação Católica, movimentos criados pelo vigário da Paróquia, Padre Amílcar Marques. Trabalhávamos em benefício do Dispensário de Santana, instituição criada pelo vigário com a finalidade de distribuir cestas básicas semanais à “Pobreza Envergonhada”, idosos que já não podiam trabalhar e tinham vergonha de pedir esmolas para sobreviver.
Com a saída de Padre Amilcar para Salvador, a instituição foi confiada ao Padre Mário Pessoa, vigário do Asilo Nossa Senhora de Lourdes. Hoje, graças a excelente administração da Irmã Rosa, essa distribuição de cestas básicas transformou-se na maior ou numa das maiores instituições filantrópicas de Feira de Santana.
De fevereiro de 1952, época do nosso casamento, a janeiro de 1965, época da sua passagem para a eternidade, tivemos os nossos sete filhos: Márcia Estela, Regina Maria, Sílvio Carlos, Lourenço Augusto, Leonel Marcos, Luiz Paulo e Eurico Gaspar, nosso tesouro, contraído aqui, nesta terra abençoada de Sant’Ana, Feira de Santana, Princesa do Sertão.
Que Sant’Ana continue abençoando minha família e todas as famílias. AMÉM!

domingo, 22 de abril de 2012

Encontrei no Youtube materiais muito ricos sobre o ato de contar histórias. Resolvi compartilhar com vocês.

 



segunda-feira, 2 de abril de 2012

AS BOLAS DE PINDORAMA

Bem, o mês de abril está aí. Em breve estaremos comemorando o dia do Índio 19 de abril.
E encontrei um texto que foi construído em sala de aula com as crianças do AEE, usando a técnica  "Snow Ball" (Bola de Neve). Espero que gostem.


BOLA DE NEVE

TEMA OS ÍNDIOS BRASILEIROS

Introdução: Depois de ler com as crianças os textos das páginas 23, 24, 50 e 51 do livro “História: 1ª Série de José William Vesentini, Dora Martins Dias e Silva, Marlene Pécora – editora Ática; 2001” comentamos o texto e algumas coisas do texto foi chamada atenção pelas crianças, por exemplo, o Matim: Personagem folclórica indígena a qual a índia do texto lido faz referência. Falamos do vento que passa nos troncos ocos da mata e fazem o barulho do assovio que a índia Celina Tembé diz escutar. Em seguida apanhei um bocal de caneta hidrográfica e soprei nele fazendo aparecer os assovios. Disse as crianças: “Isto pode ser o som que as crianças ouvem na mata e pensam que é o tal monstro do qual a menina índia, Celina Tembé, está falando aqui no texto”.
1.     Pedi às crianças que fechassem os olhos e imaginassem a floresta cheia de árvores;
2.     imaginassem a oca onde Celina mora;
3.      Imaginassem ela deitada na rede, dentro da oca e o vento soprando nas folhas das árvores da floresta.
As crianças fizeram isto. E pareciam viajar em um sonho. Soprei o bocal.
Continuei a falar: “Celina está com medo. Ela está escutando o Matim. A mãe dela diz que o Matim não existe, mas Celina e as irmãs o estão escutando e por mais que a mãe diga que é o vento nas cavidades da floresta Celina não sai da rede. Nem ela e nem seus irmãos.

Início da atividade: Muito bem, agora nós vamos fazer uma história. Eu começo e depois cada um de vocês vai falando um pedaço para completar a fala do outro. Eu vou registrando o que vocês falarem e depois leio para vocês corrigirem se eu escrevi alguma coisa errada ou se esqueci de registrar algo está bem assim? Bem, permaneçam de olhos fechados imaginando a tribo lá no meio da floresta...



As Bolas de Pindorama
(Por Regina maria Oliveira de Macedo; Hariela Cristina de Araújo Teixeira; Ismael Texeira Pereira Neto e Carla Verônica Nunes.)

Em um País chamado Pindorama vive feliz o povo da Tribo Tembé. Eles pescam no rio usando arco e flecha e também caçam jacarés... Eles também apanham frutas para comerem e dormem em redes[1]. Eles também tocam chocalho, tambor, flauta, roi-roi e fazem uma porção de coisas[2].

Um dia uma menina índia chamada Hariela e um menino índio chamado Ismael estavam[3] deitados na rede dentro da oca[4] quando apareceu uma bola grandona[5]. Dentro da bola tinha um elefante grandão e um peixe dentro de um ovo grandão[6]. O peixe era imenso... Tão grande quanto o elefante[7]!...
A bola fazia um barulho enorme: BLOONNG, BLUONG, BLONNG.
Hariela levantou da rede e se aproximou da bola[8]. Ismael foi atrás dela e socou a bola[9]. Com o seu soco a bola explodiu todinha...
As crianças saíram correndo[10].

Fora da oca tinha muitas bolas iguais aquela.[11] Ismael e Hariela saíram esmurrando as bolas “Pou”, “pou’... e as bolas iam explodindo: Bum!, Bum![12]
Logo depois das bolas vinham dois ovos grandões.[13] Ismael tocou em um ovo e Hariela em outro...[14] E os dois explodiram... e os dois morreram.[15]

As duas crianças salvaram a tribo.[16]
Aqui a Profª. Carla que estava junto assistindo a aula, atenta à história que as crianças contavam interferiu:
— “Ah, não! As crianças morreram? Isto é que não: Os pais das crianças chamaram o Pajé e pediram ao Pajé que fizessem as crianças voltarem à vida. O Pajé fez um remédio e passou no corpo de Hariela e de Ismael e eles voltaram a viver.[17]
— “Tá amarrado”![18] — Hariela gritou assustada.
— “É sim”! — Continuou a Profª Carla. — A Índia Hariela ficou com a força do peixe e Ismael ficou com a força do elefante.[19]
— É... e nunca mais na tribo ninguém mais correu perigo.[20]
— “E nunca mais na tribo faltou alegria e comida. Fim”.[21]


— “Fim nada. E qual vai ser o título da história”?[22]
— “Pindorama! Disse Hariela.
— “Pindorama? Mas pouco se fala de Pindorama”...[23]
— “Ah, já sei Pró: As bolas de Pindorama”[24] – Disse Ismael todo contente.
— “Taí, acho um bom título. “As Bolas de Pindorama" e ponto final.[25]



[1] Fala de Ismael Teixeira Pereira Neto
[2] Fala de Hariela Christina de Araújo Teixeira
[3] Fala da Profª. Regina Maria Oliveira de Macedo
[4] Fala de Hariela Christina de Araújo Teixeira
[5] Fala de Ismael Teixeira Pereira Neto
[6] Idem: Fala de Ismael Teixeira Pereira Neto
[7] Idem: Fala de Ismael Teixeira Pereira Neto
[8] Fala da Profª. Regina Maria Oliveira de Macedo
[9] Fala de Ismael Teixeira Pereira Neto
[10] Hariela Christina de Araújo Teixeira
[11] Hariela Christina de Araújo Teixeira
[12] Ismael Teixeira Pereira Neto
[13] Idem: Fala de Ismael Teixeira Pereira Neto
[14] Fala da Profª. Regina Maria Oliveira de Macedo
[15] Fala de Ismael Teixeira Pereira Neto
[16] Fala de Hariela Christina de Araújo Teixeira
[17] Fala da Profª Carla Verônica Nunes
[18] Fala de Hariela Christina de Araújo Teixeira em tom de assombro.
[19] Fala da Profª Carla Verônica Nunes
[20] Fala de Ismael Teixeira Pereira Neto
[21] Fala de Hariela Christina de Araújo Teixeira
[22] Fala da Profª. Regina Maria Oliveira de Macedo
[23] Idem: Fala da Profª. Regina Maria Oliveira de Macedo
[24] Fala de Ismael Teixeira Pereira Neto
[25] Fala da Profª. Regina Maria Oliveira de Macedo


domingo, 1 de abril de 2012

PASSOS PARA O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE


     Bem, hoje, primeiro de abril, o meu trote para os leitores será o que se segue: não publicarei uma história, mas um texto que fiz para orientar um colega quanto ao Atendimento Educacional Especializado. Espero que gostem.

PASSOS PARA O ATENDIMENTO EDUCACIONAL ESPECIALIZADO - AEE
Por Regina Maria Oliveira de Macedo

1.            Diagnóstico:
Nesse momento o professor de Apoio se concentra em observar o educando. São apresentados instrumentos de trabalhos e o profissional trabalha junto com o educando.

2.            Planejamento:
O planejamento parte de um projeto pedagógico geral onde todos os profissionais do NACPC participam. O objetivo é que todos falem a mesma linguagem e o educando se sinta envolvido em um universo único.
A partir desse projeto pedagógico,  do que foi diagnosticado, e a partir do que a criança traz da escola regular e do que o professor responsável pela itinerância traz da escola do educando em suas visitas, é feito o planejamento mensal, semanal ou diário.

3.            Materiais
Os materiais são variados:
Jogos, material de artes, livros didáticos, livros para didáticos, cartazes, revistas descartadas, embalagens, objetos diversos, material que o educando traz para o AEE, material construído pelo professor, material construído pelo educando...

4.            Metodologia/Estratégia
No máximo são atendidos seis educandos por hora. Ao final da jornada diária devem ter sido atendidos uma média de 12 educandos no total.
Semanalmente o profissional de apoio educacional atende cerca de 20 educandos divididos em dois grupos com 03 atendimentos semanais, cada um (Segunda quarta e sexta e terça, quinta e sábado).

Observação: No caso da rede pública, os profissionais não atendem aos sábados. Nesse dia o educando recebe outros atendimentos como: capoeira, natação, hidroterapia, terapia ocupacional, etc.

Os trabalhos são desenvolvidos próximo ao educando, com ele sentado de forma que o professor esteja ao seu alcance, à sua altura proporcionando conforto ao olhar, à postura da cabeça e de forma que o educando não venha a se sentir intimidado (tímido).

O profissional deve participar dos jogos com os educandos sempre que houver espaço para isto, ou substituindo uma ausência ou aquele que por algum motivo não quer participar.

Nos Jogos, encarar o fato de ser vencido pelo(s) educando(s) com naturalidade e ficar alegre com suas vitórias.

A estratégia de participar ativamente junto com o educando ou com os educandos faz com que ele ou eles sintam-se parte, sintam-se parceiros do professor. Tenham a visão do professor como o amigo que ensina e fonte de esclarecimento de suas dúvidas.

O professor nunca deve mentir ao educando. Quando não souber a resposta deve dizer que não a tem naquele momento, mas que vai investigar para dar a ele uma resposta precisa. O aluno deve perceber o professor como um mediador de conhecimento e não o detentor das verdades e saberes absolutos.

Essa postura proporciona momentos em que acontecem conversas, queixas, desabafos de lembranças de algo que aconteceu e que os incomodou, etc.

Fazer leituras apontadas, analise de figuras, análise de textos, criação de textos.
Os assuntos devem ser bem diversificados: História, religião, política, ciências, Literatura, em fim tudo o que um cidadão precisa saber.

Algumas vezes o educando está angustiado por alguma coisa que não compreendeu e muitas vezes ele sente que é um peso para seus responsáveis e tem medo do abandono. Também cabe ao profissional do AEE tranquiliza-los quanto a isto e é nesse sentido que são tratados os assuntos de política, de sociologia, de religião.

O espaço do AEE é dinâmico. Atende-se crianças de modalidades de ensino Infantil e Fundamental, desde o maternal até a oitava série e em um mesmo espaço.

Os profissionais precisam estar preparados para enfrentar o que acontecer: Choros repentinos, birras, novidades, ansiedades, problemas de saúde repentinos, problemas sentimentais, comportamentos diversos, assuntos diversos do planejado e fazer com que todos compreendam o que está sendo tratado.

 “O atendimento educacional especializado não deve ser confundido com o reforço escolar nem com o atendimento clínico, tampouco como substituto dos serviços educacionais comuns. Ressalta-se que a escolarização (o desenvolvimento educacional das competências e habilidades relativas aos níveis de ensino) dos alunos com deficiências e condutas típicas deve ser um compromisso da escola e compete à classe comum, que deve responder às necessidades dos educandos com práticas que respeitem as diferenças”.[1]



[1] Atendimento Educacional Especializado /Diretoria de Educação Especial / Superintendência de Educação / Subsecretaria de Desenvolvimento da Educação / Secretaria de estado de Educação de Minas Gerais


5. Avaliação:
Durante o atendimento o professor observa, faz registros, dá visto nas atividades que os educandos realizam durante o atendimento, sempre com uma palavra de carinho, de alegria e principalmente de estímulo.

Nunca a recomendação de que o aluno pode fazer melhor, ou que está melhorando. O educando sabe se está melhorando ou se pode fazer melhor sem precisar que lhe seja dito. Se ele fez melhor que da última vez, o professor deve demonstrar a alegria de ter visto isto, deve demonstrar o interesse em participar desse crescimento.

O que se pretende com o apoio ou a complementação é que os alunos encontrem respostas às suas necessidades educacionais especiais.

É importante que o educando sinta que seu bom desempenho é percebido pelo professor e que isto é uma alegria, é motivo de grande satisfação.

Sempre que possível o professor deve analisar os trabalhos que os educandos fizeram junto com eles. As observações devem ser de compreensão, de alegria. Observações de incentivo já estão embutidas nessas observações.

Não falar de falhas do educando com outras pessoas salvo se for para esclarecimento de dúvidas ou com o propósito de fazer um trabalho melhor com o educando.

Às vezes os acompanhantes falam com os professores na frente do educando, de suas descrenças no sucesso dele. Nesses momentos a conversa deve ser interrompida de forma delicada e evidenciado para essa pessoa o que o professor percebe de sucesso e enumerar os aspectos de sucesso registrados.

Quando há a necessidade de um momento em particular com o responsável pela criança, esse encontro é feito nos horários de atividade complementar específico para esse fim e junto com a pessoa responsável pela coordenação do trabalho.

É muito importante haver o diálogo entre os profissionais do AEE. Sejam eles da Informática, da educação física, da fisioterapia, da fonoterapia, da terapia ocupacional, da psicologia... Em fim com o colega que pode dar uma informação a mais sobre o educando ou que pode auxiliar o trabalho orientando quanto à forma de estimular melhor um membro, ou analisando em conjunto um comportamento observado, registrado, uma postura... Em fim é o momento em que os profissionais envolvidos no processo podem chamar de “Troca de figurinhas”. Acontece nos ACs, na hora do intervalo do lanche, num horário vago.

Muitas vezes um profissional de Fonoterapia, de Terapia Ocupacional ou de Fisioterapia participa do atendimento para observar o educando, suas reações, suas necessidades... Essa participação interdisciplinar é muito importante e complementa o trabalho.


Registro:
Os profissionais de AEE não podem se descuidar do registro das evoluções dos educandos.
O registro pode ser feito com sinais rápidos que fará o professor lembrar o que aconteceu naquele momento: Palavras, Sinais, comentários.
Sempre que anotar algo em seu caderno de registro na vista do educando, esse deve ser informado do que está sendo anotando. Por exemplo: Se a mãe não o leva à escola, anotar: O educando X informou que não foi para a escola hoje. E também informar se ele ficou chateado porque não foi a escola ou se compreendeu porque não foi.

Registrar conversas que achar importantes, às vezes até transcrever o diálogo.

Registrar conquistas, medos, alegrias, avanços e regressos.

Registrar o que foi trabalhado e como o educando respondeu ao trabalho: se participou, se não participou, se houve interesse, se não houve, em fim que emoções o educando expressou com a atividade.