UM NOVO CAMINHO
(Por Regina Maria
Oliveira de Macedo)
Ao receber o tema O
desafio de Alfabetizar na atualidade, a partir do trecho do texto de Jennrich e
Grosch que diz:
"Um grande desafio para alfabetização na
atualidade é garantir a leitura e a escrita como uma atividade ligada ao prazer
no dia-a-dia do aluno. Mas para que isso ocorra, a escola precisa urgentemente
avaliar seus objetivos na produção de textos. Utilizando-se da leitura e da
escrita, o aluno poderá interagir, criticar, construir, comunicar, registrar e
expressar seus sentimentos e conhecimentos. O ato de ler e escrever abre
possibilidades para o sujeito se desenvolver num contexto de trocas sociais e
culturais intensas." (JENNRINCH e GROSCH)[1].
Há um inquietar-se
instalado no coração do professor quase que imediato. Questionamentos são
feitos: O ato de ler pode acarretar desprazer? Que pode ser feito para que o
prazer de ler seja instalado?
E ao se deparar com
a fonte do trecho apresentado, onde se lê “A LEITURA E A ESCRITA REPRESENTAM
PRAZER OU MEDO”?[2] Aí sim é que o professor
alfabetizador ou qualquer professor pesquisador é provocado a entrar em um mundo
de reflexão e até mesmo retornar, em pensamentos, à sua fase de alfabetização, com novos
questionamentos: “Como aconteceu comigo a alfabetização?” “Que senti?” e nesse
ir e vir no pensamento do tempo, ele se vê em sala de aula... Como acontece
essa alfabetização na sala de aula?
Um desafio: Como
fazer os estudantes sentirem prazer em ler? Apenas lhes oferecendo livros?
Muitas ações podem
ser feitas nesse sentido uma delas o pedido de que cada um traga para sala algo
para ser lido: uma notícia de jornal, uma piada, um conto, uma poesia... Também
o próprio professor pode iniciar suas atividades com uma leitura que estimule o
prazer... Assim como fazem alguns apresentadores de programas diários que
iniciam com um texto de autoajuda ou de reflexão.
Projetos de
leituras feitos com os estudantes, construção de cantos de leituras em sala de
aula, momento da leitura diária, escuta de leitura, são outros meios de criar o
habito e o prazer de ler, mas nada como associar a arte e a música a essas
leituras.
Um exemplo desse
prazer, desse despertar do desejo de aprender a ler está na plateia que se
forma nas feiras para escutar o cordelista.
Ah, o Cordelista!
Fazendo uma parada para analisar esse personagem da cultura popular brasileira,
tão real e tão presente nas feiras livres dos interiores do Nordeste brasileiro
e fazendo um parâmetro com música e leitura, se percebe que ler e escrever
textos é bem parecido com ler e escrever músicas. Há em ambas as formas dois
itens importantes: símbolos e sons.
Então se o professor
fizer essa associação de alfabetização musical com alfabetização da linguagem
(pode-se dizer assim?) quem sabe os medos que alguns estudantes trazem, desde a
mais tenra idade escolar, não se disfarçam?
“Quem canta seus
males espanta” já dizia o velho ditado; então que na sala de aula, além de
todos os recursos que se possam criar e planejar para se ter à mão, portadores
de textos prazeroso, que haja também a música. Isto para que, com a música presente nesses momentos de aula, haja a motivação necessária para que
não apenas o A, E, I, O, U tenha som, mas todas as consoantes também; e que não
apenas o instrumento livro marque presença, mas também o instrumento
musical e que as crianças não apenas leiam, mas também escutem – “A
palavra é de prata, mas o silêncio é de ouro” – e tenham a experiência do
toque.
Afinal, não é a toa
que os editores de livros ultimamente, têm tido o cuidado não apenas com as
ilustrações de seus livros, com o movimento que pode acontecer com os livros
pop-ups, mas também com os sons que podem sair desses livros; e agora também os
cheiros.
Nisso a inclusão
ajudou muito a humanidade... Para o cego o tato é muito importante e os livros
agora ganham outras dimensões: forma, texturas, cheiros, tridimensionalidade,
sons... Que mais virá daí?
A sala de aula
precisa dar novas dimensões aos textos produzidos em sala... Que criança não
sentirá prazer em participar de produções assim? Que estudante não quer ser
partícipe de sua produção?
É... talvez seja
esse o caminho...
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