segunda-feira, 23 de setembro de 2013

UM NOVO CAMINHO
(Por Regina Maria Oliveira de Macedo)

Ao receber o tema O desafio de Alfabetizar na atualidade, a partir do trecho do texto de Jennrich e Grosch que diz:

"Um grande desafio para alfabetização na atualidade é garantir a leitura e a escrita como uma atividade ligada ao prazer no dia-a-dia do aluno. Mas para que isso ocorra, a escola precisa urgentemente avaliar seus objetivos na produção de textos. Utilizando-se da leitura e da escrita, o aluno poderá interagir, criticar, construir, comunicar, registrar e expressar seus sentimentos e conhecimentos. O ato de ler e escrever abre possibilidades para o sujeito se desenvolver num contexto de trocas sociais e culturais intensas." (JENNRINCH e GROSCH)[1].


Há um inquietar-se instalado no coração do professor quase que imediato. Questionamentos são feitos: O ato de ler pode acarretar desprazer? Que pode ser feito para que o prazer de ler seja instalado? 
E ao se deparar com a fonte do trecho apresentado, onde se lê “A LEITURA E A ESCRITA REPRESENTAM PRAZER OU MEDO”?[2] Aí sim é que o professor alfabetizador ou qualquer professor pesquisador é provocado a entrar em um mundo de reflexão e até mesmo retornar, em pensamentos, à sua fase de alfabetização, com novos questionamentos: “Como aconteceu comigo a alfabetização?” “Que senti?” e nesse ir e vir no pensamento do tempo, ele se vê em sala de aula... Como acontece essa alfabetização na sala de aula?

Um desafio: Como fazer os estudantes sentirem prazer em ler? Apenas lhes oferecendo livros?
Muitas ações podem ser feitas nesse sentido uma delas o pedido de que cada um traga para sala algo para ser lido: uma notícia de jornal, uma piada, um conto, uma poesia... Também o próprio professor pode iniciar suas atividades com uma leitura que estimule o prazer... Assim como fazem alguns apresentadores de programas diários que iniciam com um texto de autoajuda ou de reflexão.
Projetos de leituras feitos com os estudantes, construção de cantos de leituras em sala de aula, momento da leitura diária, escuta de leitura, são outros meios de criar o habito e o prazer de ler, mas nada como associar a arte e a música a essas leituras.
Um exemplo desse prazer, desse despertar do desejo de aprender a ler está na plateia que se forma nas feiras para escutar o cordelista.
Ah, o Cordelista! Fazendo uma parada para analisar esse personagem da cultura popular brasileira, tão real e tão presente nas feiras livres dos interiores do Nordeste brasileiro e fazendo um parâmetro com música e leitura, se percebe que ler e escrever textos é bem parecido com ler e escrever músicas. Há em ambas as formas dois itens importantes: símbolos e sons.
Então se o professor fizer essa associação de alfabetização musical com alfabetização da linguagem (pode-se dizer assim?) quem sabe os medos que alguns estudantes trazem, desde a mais tenra idade escolar, não se disfarçam?
“Quem canta seus males espanta” já dizia o velho ditado; então que na sala de aula, além de todos os recursos que se possam criar e planejar para se ter à mão, portadores de textos prazeroso, que haja também a música. Isto para que, com a música  presente nesses momentos de aula, haja a motivação necessária para que não apenas o A, E, I, O, U tenha som, mas todas as consoantes também; e que não apenas o instrumento livro marque presença, mas também o instrumento musical  e que as crianças não apenas leiam, mas também escutem – “A palavra é de prata, mas o silêncio é de ouro” – e tenham a experiência do toque.
Afinal, não é a toa que os editores de livros ultimamente, têm tido o cuidado não apenas com as ilustrações de seus livros, com o movimento que pode acontecer com os livros pop-ups, mas também com os sons que podem sair desses livros; e agora também os cheiros.
Nisso a inclusão ajudou muito a humanidade... Para o cego o tato é muito importante e os livros agora ganham outras dimensões: forma, texturas, cheiros, tridimensionalidade, sons... Que mais virá daí?
A sala de aula precisa dar novas dimensões aos textos produzidos em sala... Que criança não sentirá prazer em participar de produções assim? Que estudante não quer ser partícipe de sua produção?
É... talvez seja esse o caminho...







[1] JENNRINCH, Maira; GROSCH, Maria Selma - A LEITURA E A ESCRITA REPRESENTAM PRAZER OU MEDO?
[2] A Leitura e a Escrita Representam Prazer ou Medo? / JENNRINCH, Maira; GROSCH, Maria Selma;  Disponível em http://www.posuniasselvi.com.br/artigos/rev02-03.pdf

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