quarta-feira, 26 de julho de 2017

A CIGARRA E A BOA FORMIGA

Por Regina Maria Oliveira de Macedo

Certa vez junto a um formigueiro, apareceu uma cigarra cantora. Durante todo o verão ela ficou a tocar  violão e a cantar lindas canções.

Enquanto cantava, as formigas passavam todo o dia carregando folhas, pequenas sementes, pedaços de doces e de açúcar, pequenos pedaços de carne, flores pequeninas para encherem as tulhas abastecendo o formigueiro, pois o inverno era longo e muito frio.

O trabalho das formigas era árduo, mas elas sabiam que não podiam parar, pois quando o inverno chegasse não poderiam mais sair do formigueiro para providenciar comida.

Enquanto cantava a cigarra não se lembrou de construir uma casa e tão pouco se lembrou de guardou alguma comida para quando o inverno chegasse. Para ela era fácil comer uma folhinha que estava ao seu alcance na árvore onde subiu para cantar afinando a voz e apreciar o trabalho das formigas.

O tempo passou e o inverno chegou. No campo da cidade onde moravam a cigarra e a formiga o inverno era muito frio. Tão frio que caia gelo do céu. Todas as plantas perdiam suas folhas, suas flores e seus frutos e adormeciam até a primavera voltar. Elas deixavam expostas apenas os galhos nus para que a luz do sol ajudasse na nutrição que iriam precisar para trazerem de volta as folhas e as flores que se transformariam em frutos com sementes que pudessem ser espalhadas e fazerem aparecer novas árvores.

A cigarra não encontrava mais nenhuma folhinha para comer. Todas as plantas e toda a terra da cidade estavam cobertas de gelo duro e frio e ela não tinha forças para quebrar o gelo e pegar alguma folha seca que ficara sobre a terra.

Resultado, sem a casa que precisara ter sido construída, sem o alimento que precisara ter sido guardado, a cigarra ficou com fome e com muito frio. Vagava pela terra sem rumo e foi ficando cada dia mais fraquinha e adoeceu.

Tossia muito e, cambaleante, chegou à porta do formigueiro e bateu à porta. Foram suas últimas forças.

A formiga porteira escutou suas batidas fraquinhas e abriu a porta. Viu a cigarra caída e se aproximou.

¾ O que você está fazendo aqui? ¾ Perguntou, examinando a triste mendiga suja de lama e a tossir caída à porta.

A cigarra respondeu entre uma tosse e outra:

¾ Venho em busca de agasalho. O mau tempo não cessa e eu...

A formiga olhou a cigarra de alto a baixo e perguntou:

¾ E o que você fez durante o verão?

¾ Bem, eu era cantora. Cantava o tempo todo para afinar minha voz.

¾ Ah! ¾ Exclamou a formiga se lembrando. ¾ Era você então quem cantava nessa árvore enquanto nós labutávamos para encher as tulhas com alimentos para o inverno?

¾ Sim, era eu. ¾ Respondeu um pouco escabreada, a cigarra.

¾ Então entre, amiguinha! Nunca podemos esquecer-nos das belas canções que nos animava a trabalhar e esquecer o cansaço do trabalho árduo. Dizíamos sempre: que felicidade termos como vizinha tão gentil cantora! Entre, amiga! Aqui você terá abrigo e alimento durante todo o inverno.

Mas a cigarra estava muito fraca para caminhar. Como a cigarra não aguentava se levantar do chão, a formiga chamou as amigas para ajudarem a carregar a cigarra para o formigueiro. Elas cuidaram bem dela. Logo, logo a cigarra ficou forte. Voltou a ser alegre. Apanhou seu violão e durante todo o inverno alegrou o formigueiro com suas músicas e canções.

Foi o melhor inverno que as formigas tiveram.

FIM

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