O
MACACO, O BONECO DE PICHE E A SENHORA VENDEDORA DE BANANAS.
Fábula
popular, reescrita por Regina Maria Oliveira de Macedo em 28/02/2021.
Há muito tempo atrás, no
tempo em que os bichos falavam, havia uma senhora que vendia bananas.
Todos os dias ela acomodava
lindas bananas em um tabuleiro, colocava do lado de fora de sua casa e ficava
aguardando os costumeiros compradores que chegavam à porta, batiam palmas para
avisar que estavam ali e, quando a senhora atendia à porta, eles informavam que
queriam comprar bananas.
Prontamente eles escolhiam
suas bananas, pagavam por elas e seguiam seu caminho.
Mas um dia começou a
acontecer algo diferente do costumeiro.
As bananas começaram a sumir
sem que ninguém as tivesse comprado.
A senhora já estava ficando
muito aborrecida com o fato, pois se alguém quisesse bananas e não pudesse
compra-las, era só pedir que ela lhe daria de bom grado.
A senhora vendedora de
bananas ficou muito aborrecida e então resolveu dar uma lição no malandro, ou
malandra que estivesse fazendo essa desfeita com ela.
A senhora foi até uma loja
de material de construção e comprou uma lata de piche. E quando chegou a sua
casa confeccionou um boneco de piche. Caprichou tanto na construção do boneco
que ele parecia um adolescente africano.
Então o vestiu com uma calça
curta estampada, bem bonita, acomodou-o sentado em uma cadeira numa posição de
quem está vigiando o tabuleiro cheio de bananas que ela colocou sobre uma de
suas pernas.
Feito isso ela fechou a
porta da casa e foi cuidar dos afazeres domésticos de todos os dias.
O tempo foi passando até que
na hora costumeira apareceu o macaco. Ele olhou o boneco e falou:
-
Quem é você? Todos os dias eu passo aqui e nunca lhe vi por aqui.
Como era um boneco e não uma
pessoa, o boneco continuou olhando para o tabuleiro de bananas. O macaco achou uma
grosseira aquela forma de proceder do “adolescente”.
O macaco pensou: “Como esse
garoto não me deu atenção? Quem ele pensa que é”?
Mas continuou:
- Eu
quero uma banana, você me dá?
O boneco continuou na mesma
posição.
- Ei,
me dá uma banana!
O boneco não dizia nada. Nem
olhava para ele, afinal bonecos de piche não falam.
O macaco foi perdendo a
paciência e aí ameaçou o boneco:
- Se
você não me der uma banana eu vou lhe dá um tapa.
O boneco não se mexeu.
O macaco continuou
insistindo ameaçadoramente:
- Ou
você me dá uma banana ou eu vou lhe dá um tapa!
Como o boneco não se mexeu, o
macaco lhe deu um tapa no braço. Logo ele ficou grudado no pinche. O macaco
esbravejou:
-
Solte minha mão e me dê uma banana se não eu te dou outro tapa.
O boneco, mais uma vez não
se mexeu. Então o macaco lhe deu outro tapa com a outra mão. E aí a outra mão
também ficou grudada no boneco.
O macaco começou a grunhir e
a berrar:
-
Solte minhas mãos e me dê uma banana se não eu lhe dou um pontapé!
E mais uma vez o boneco não
disse nada e o macaco lhe deu um pontapé. Resultado, o pé também ficou grudado
no piche. Mas o macaco não desistiu. Cheio de raiva disse ao boneco:
-
Solte minhas mãos e solte o meu pé, pois ainda tenho o outro pé que é bem mais
forte, para lhe chutar.
O boneco continuou calado
com as mãos e o pé do macaco grudado nele e nada dizia. O macaco nem pensou
duas vezes. Chutou o boneco com o outro pé. Berrou desesperado pedindo para o suposto
adolescente o soltar e lhe dá uma banana, mas boneco é boneco não se move, não
fala e não escuta.
O macaco continuou se
debatendo... Deu uma barrigada, uma cabeçada e pronto; ficou todinho preso no
boneco.
A senhora escutou os berros
do macaco e saiu para ver o que estava acontecendo. E lá estava o responsável
pelo sumiço de suas bananas, todo grudado no boneco de piche.
-Ah!
Então é você que furta as minhas bananas!? Te peguei, malandro! Sabe não? “Corrida
de malandro tem buraco na frente”.
O macaco parou de gritar. Ficou
apavorado. Achou que era seu fim.
Mas a senhora teve uma
ideia. Pegou óleo de cozinha e limpou todas as partes do macaco que ficaram
sujas. Depois propôs a ele um negócio:
-Olhe
Macaco, foi muito feio o que você fez. Se você estava com fome, era só me pedir
a banana que eu lhe dava. Agora vamos fazer um trato. Eu vou lhe ensinar a
vender bananas. Você me ajuda a vender bananas. Em troca, você pode morar
comigo e comer as bananas sem precisar roubá-las. Você aceita?
O Macaco pensou um pouco e aceitou.
Desse dia em diante ele e a velha se tornaram muito bons amigos.
“Pronto! Entrou pelo bico da
pata, saiu pelo rabo do pato, quem quiser que me conte quatro”.
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