A
VENDEDORA DE FÓSFOROS
(Adaptação
do conto de Hans Christian Andersen por Regina Maria
Oliveira de Macedo)
Há muitos e muitos anos atrás, em um
País chamado Dinamarca, na cidade de Copenhague, vivia uma linda menina muito
pobre que ganhava a vida a vender fósforos.
Essa menina tinha perdido a mãe e o
pai em um acidente de trabalho e morava sozinha na casa, sem ninguém para
cuidar dela.
Quando chega dezembro, na Dinamarca o
frio é muito forte e, na época em que a vendedora de fósforos viveu o frio era
mais forte ainda e nevava muito.
Em 1840 quando esta história
aconteceu, todos os lugares da cidade de Copenhague estavam cobertos por uma
camada fina de gelo e o chão cheio de neve fofa e brilhante. Do céu caiam
flocos de neve dando uma visão de encantamento à cidade; mas embora fosse isto
muito bonito para quem morava em uma casa quentinha, para a pequena vendedora
de fósforos era uma época muito dolorosa, pois não tinha como se aquecer.
Era véspera de Natal e justamente por
causa do frio, ela dormiu um pouco demais. Nem lembra como conseguiu acordar. Quando
saiu para vender os fósforos as ruas da cidade já estavam praticamente vazias
de pessoas.
A menina saiu mercando:
— “Fósforos longos, práticos e de
fácil combustão! Comprem, comprem para acender as velas de Natal”!
Mas as pessoas estavam apressadas para
chegarem à casa e não prestavam atenção à pequena.
Por mais que ela gritasse, ninguém a
escutava. Em pouco tempo as lojas começaram a fechar suas portas e a menina
ficava cada vez mais aflita, pois logo não teria a quem vender seus fósforos e
não teria dinheiro para comprar sequer um pão dormido para enganar a fome.
Caminhando pelas ruas ela olhava as
vitrines das lojas e pensava:
— “Quanta coisa linda, Meu Deus”!
“Quem dera eu ter ao menos uma pequena boneca”...!
As ruas esvaziaram. Não havia mais
ninguém. A menina perambulou pelas ruas onde havia apenas casas e olhou pelas
vidraças as famílias reunidas em volta de arvores de natal, sentadas à mesa... Os
cheiros das comidas chegavam até ela e a fome ficava mais e mais forte.
A menina resolveu voltar para a rua
das lojas e olhar as vitrines. Ali não teria cheiro de comidas para lembrá-la
que não tinha comido nada e ela se distrairia olhando as decorações e os
brinquedos. E assim ficou por um tempo até que o frio ficou insuportável.
A menina resolveu acender um fósforo. Uma
pequena chama quente e luminosa brilhou. Para ela foi como se de repente
estivesse junto a um fogão quentinho. Pegou outro fósforo e acendeu-o também.
Diante dela apareceu uma mesa posta com porcelanas finas e as mais deliciosas
iguarias exalando um cheiro delicioso. Ela estendeu as mãos para pegar, mas o
fósforo apagou-se e tudo desapareceu na fumaça. Só a neve continuava a cair e o
frio cortante penetrando-lhe na alma. Ela acendeu um terceiro fósforo e pareceu
estar embaixo de uma enorme árvore de Natal onde enormes bolas coloridas e
velinhas brilhavam. De repente a chama do fósforo tremeu, o fósforo apagou e
tudo desapareceu... Nesse momento a menina sentiu um sono incontrolável e ali
mesmo, sentada no chão da entrada da loja, recostada à enorme porta de madeira
adormeceu pálida de frio.
Nesse momento passava pela rua uma
linda senhora em uma pequena carruagem branca com detalhes de madeira escura
como o ébano, parecida com um Tilbury particular com uma capota para proteger
do frio. A senhora estava acomodada sobre a capota, envolta em um casaco macio e
bem quentinho, olhando as vitrines das lojas que passavam rápidas com um
semblante bastante triste, melancólico.
A bela senhora era muito solitária e desejava
muito ter com quem repartir todo o conforto da sua casa e todo o amor que
trazia em seu coração. Queria também sentir-se amada. Esse foi seu pedido ao Menino
Deus naquele dia: alguém para amar e ser amada.
Estava fazendo uma prece silenciosa a
Deus para ratificar seu pedido quando seu “tilbury” passou em frente à loja
onde a menina estava encolhida no canto da porta. Uma chama aqueceu seu coração
e a rica senhora quase que gritou pedindo ao cocheiro para parar:
— “Pare, pare Jonathan”!
O cocheiro quase que vira o carro dado
à violência com que puxou as rédeas dos cavalos.
D. Elga saiu correndo do carro em
direção à porta da loja. A pequenina estava fria, seus finos lábios arroxeados
e os palitos de fósforos todos espalhados em volta da menina.
Jonathan veio em seguida e vendo a criança
perguntou:
— “Está viva, madame”?
— “Sim, Jonathan, está. Sua respiração
está débil, mas acho que chegamos a tempo”.
D. Elga tirou seu rico e quente casaco
e envolveu a criança.
— “Vamos rápido Jonathan, vamos rápido!
Acredito que uma bebida quente perto da lareira deverá reanimá-la. Vamos
depressa para casa”!
O tilbury pareceu voar pelas ruas.
Chegando a casa, D. Elga acomodou a pequena junto ao fogo quentinho da lareira
e mandou vir um caldo quente da cozinha. Com muito carinho e cuidado D. Elga a
fez tomar as primeiras colheres do delicioso caldo. Aos poucos a pequena abriu
os olhos. Quando acordou estava envolta em um casaco macio e quentinho no colo
de uma bela senhora que a espiava com olhos cheios de amor.
A menina sorriu e carinhosamente
estendeu seus bracinhos e envolveu o pescoço de D. Elga num abraço bem apertado
repleto de gratidão.
Naquele Natal a vendedora de fósforo,
que se chamava Moira, encontrou uma nova família e o lar de D. Elga encheu-se
de canto, encanto e muita luz. Nunca mais ela se sentiu só.
Foi o começo de muitos Natais felizes.
Olá Regina!
ResponderExcluirSempre que ouvi esta história achei triste, melancólica... Ficava imaginando com tristeza o final da garotinha.
A adaptação que você fez transformando-a com um final feliz, ficou maravilhosa. Agora sim eu posso contá-la para Davi e para os meus educandos!
Cristina,
ExcluirMuito grata pelo seu comentário. Também ficava muito triste com o final da história e por esse motivo fiz essa modificação. Há tantos lares que precisam do riso de uma criança... Por que Moira não podia ser recebida em um deles? Natal é uma data muito especial e as pessoas precisam compreender a grandeza de partilhar, a grandeza de dar e receber. Ainda mais na data escolhida para comemorar o aniversário do filho de Deus.