VII. O Peixe
Cá fora a tarde estava maravilhosa e fresca. A brisa
dançava com as ervas dos campos. Ouviam-se pássaros a cantar. O ar parecia
cheio de poeira de oiro.
Oriana foi pela floresta fora, correndo, dançando e
voando, até chegar ao pé do rio. Era um rio pequenino e transparente, quase um
regato; nas suas margens cresciam trevos, papoulas e margaridas. Oriana
sentou-se entre as ervas e as flores a ver correr a água. De repente ouviu uma
voz que a chamava:
- Oriana, Oriana.
A fada voltou-se e viu um peixe a saltar na areia.
- Salva-me, Oriana - gritava o peixe. - Dei um
salto atrás de uma mosca e caí fora do rio.
Oriana agarrou no peixe e tornou a pô-lo na água.
- Obrigado, muito obrigado - disse o peixe, fazendo
muitas mesuras. - Salvaste-me a vida e a vida de um peixe é uma vida deliciosa.
Muito obrigado, Oriana. Se precisares de alguma coisa de mim lembra-te que eu
estou sempre às tuas ordens.
- Obrigado - disse Oriana - agora não preciso de
nada.
- Mas lembra-te da minha promessa. Nunca esquecerei
que te devo a vida. Pede-me tudo o que quiseres. Sem ti eu morreria
miseravelmente asfixiado entre os trevos e as margaridas.
A minha gratidão é eterna.
- Obrigada - disse a fada.
- Boa tarde, Oriana. Agora tenho de ir embora, mas
quando quiseres vem ao rio e chama por mim.
E com muitas mesuras o peixe despediu-se da fada.
Oriana ficou a olhar para o peixe, muito divertida
porque era um peixe muito pequenino, mas com um ar muito importante.
E quando assim estava a olhar para o peixe viu a
sua cara reflectida na água. O reflexo subiu do do fundo do regato e veio ao
seu encontro com um sorriso na boca encarnada. E Oriana viu os seus olhos azuis
como safiras, os seus cabelos loiros como as searas, a sua pele branca como
lírios e as suas asas cor do ar, claras e brilhantes.
- Mas que bonita que eu sou - disse ela. Sou linda.
Nunca tinha pensado nisto. Nunca me tinha lembrado de me ver! Que grandes são
os meus olhos, que fino que é o meu nariz, que doirados que são os meus
cabelos! Os meus olhos brilham como estrelas azuis, o meu pescoço é alto e fino
como uma torre. Que esquisita que a vida é! Se não fosse este peixe que saltou
para fora da água para apanhar a mosca eu nunca me teria visto. As árvores, os
animais e as flores viam-me e sabiam como sou bonita. Só eu é que nunca me via!
Oriana estava maravilhada com a sua descoberta.
Debruçada sobre a água, não se cansava de se ver. As horas passavam e ela
continuava conversando com a sua imagem.
obrigado por me ter ajudado no meu trabalho (:
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