ILHA DE
ITAPARICA, PEDRA QUE ROLA.
(Regina
Maria Oliveira de Macedo)
─ “ITAPARICA,
é Pedra que Rola”!
Foi o que
disse um dia avó Maria quando falava a seus netos sobre significado dos nomes Tupis-guaranis.
Não creio
está correto, mas na sua simplicidade dizia ser meio índia, meio negra e meio
branca, enfim bem brasileira!
Segundo
ela, aprendeu com a sua avó, da sua parte indígena, que Itapuã significa Pedra que
Ronca, Itaigara, Pedra que Canta e Itaparica, Pedra que Rola. E, contrariando a
todos os dicionários da Língua Tupi-guarani, seja Itaparica “Pedra que Rola”. E
diga-se: Pedra Preciosa que rola no meio da Baía de Todos os Santos,
despertando desejos e amores em todos que a conhecem.
Primeiro polo
turístico da Bahia, durante muitos anos encantou a todos que a visitavam.
Com o
tempo veio o Ferry Boat abrindo uma cicatriz em sua face. Os navios Maragogipe,
João das Botas e outros barcos que aportavam na contra costa trazendo alegres
visitantes até os Hotéis Icaraí, Grande Hotel e outros foram tirados da Ilha.
As
dificuldades de acesso à preciosa Fonte da Bica transformaram Itaparica numa
cidade silenciosa, sem tantos movimentos, sem tantas “badalações”.
Os jovens
que a frequentavam a época tornaram-se adultos e passaram a buscar outras
praias. Passaram a buscar e a criar grandes empreendimentos no Litoral Norte da
Bahia.
Ao Sul da
Bahia, Porto Seguro abraçou os sulistas e Itaparica, graças às dificuldades de
acesso, foi caindo no esquecimento... Mas quem chega ao Mercado Modelo ou ao
Solar do Unhão e até mesmo ao Porto da Barra, quando vasculha com o olhar
aquele mar azul depara-se com a preciosidade abandonada na velha baía e indaga:
“Como ir até lá?”
Seria
preciso, pelo menos três dias, para conhecer “Pedra que Rola”. Pontos como:
Moinho dos Jesuítas, Pedra da Baleia, Igreja de Santo Antônio dos Velasques,
Igreja de Nossa Senhora da Conceição, Igreja do Senhor da Vera Cruz, Igreja de
Santo Amaro de Jiribatuba, O Pantanal Baiano, A Ilha das Canas, A Ilha do Medo,
A Ponta dos Garcês, A Barra Falsa e seu magnífico banco de areia que nos faz
sentir em outro planeta, O Forno das Caieiras, O Tracking na Mata da Ponta de
My Friend, as belas Caramuãs, a Ilha do Amor, O Calado, O Poço dos Jesuítas, O
Parque de Venceslau e tantos outros lugares maravilhosos não se visita numa
paradinha de algumas horas nos restaurantes de Ponta de Areia.
Perceber a
Ilha é preciso ir além de sentir os novos ares que amorosamente envolvem os
barcos ao passarem da ponta de Monte Serrat, é preciso ir além de colocar o pé
no chão, pescar siris munidos de um jereré e deixar-se bronzear com os raios
abençoados do sol itaparicano.
Para
conhecer e sentir a Ilha é preciso estar na Marina de Itaparica para ver o Por
do Sol e correr até Porto Sobrado para assistir ao nascimento da Lua. É preciso
orar e reverenciar nos templos mágicos existentes. É preciso não apenas tomar a
água da Fonte da Bica, mas também saborear aquela água doce, maravilhosa que
brota nas areias da praia de Catu.
Na Ilha há
segredos, há magia, há amor... Há algo tão maravilhoso que cala no fundo d’alma
e não se encontra palavras para definir...
Por não
ser de ou para qualquer um, a ilha continua existindo (apesar dos altos
investimentos no Litoral Norte) bela, amorosa, pedra preciosa... Rolando...
Rolando... na mente, na vida, na alma das gentes que se permitiram
realmente vivenciá-la.
Vera Cruz,
Ilha de Itaparica, 20 de junho de 2002.
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