sábado, 6 de julho de 2013

ILHA DE ITAPARICA, PEDRA QUE ROLA.

                  ILHA DE ITAPARICA, PEDRA QUE ROLA.
(Regina Maria Oliveira de Macedo)

─ “ITAPARICA, é Pedra que Rola”!
Foi o que disse um dia avó Maria quando falava a seus netos sobre significado dos nomes Tupis-guaranis.
Não creio está correto, mas na sua simplicidade dizia ser meio índia, meio negra e meio branca, enfim bem brasileira!
Segundo ela, aprendeu com a sua avó, da sua parte indígena, que Itapuã significa Pedra que Ronca, Itaigara, Pedra que Canta e Itaparica, Pedra que Rola. E, contrariando a todos os dicionários da Língua Tupi-guarani,  seja Itaparica “Pedra que Rola”. E diga-se: Pedra Preciosa que rola no meio da Baía de Todos os Santos, despertando desejos e amores em todos que a conhecem.

Primeiro polo turístico da Bahia, durante muitos anos encantou a todos que a visitavam.
Com o tempo veio o Ferry Boat abrindo uma cicatriz em sua face. Os navios Maragogipe, João das Botas e outros barcos que aportavam na contra costa trazendo alegres visitantes até os Hotéis Icaraí, Grande Hotel e outros foram tirados da Ilha.
As dificuldades de acesso à preciosa Fonte da Bica transformaram Itaparica numa cidade silenciosa, sem tantos movimentos, sem tantas “badalações”.

Os jovens que a frequentavam a época tornaram-se adultos e passaram a buscar outras praias. Passaram a buscar e a criar grandes empreendimentos no Litoral Norte da Bahia.

Ao Sul da Bahia, Porto Seguro abraçou os sulistas e Itaparica, graças às dificuldades de acesso, foi caindo no esquecimento... Mas quem chega ao Mercado Modelo ou ao Solar do Unhão e até mesmo ao Porto da Barra, quando vasculha com o olhar aquele mar azul depara-se com a preciosidade abandonada na velha baía e indaga: “Como ir até lá?”


Poucos sabem do encanto das lanchas que param na costa da Ilha de Itaparica. Ao buscarem agências de viagem recebem um pacote de roteiro de ilhas a visitarem. Visitarem? Eu diria tomarem banho de mar em ilhas porque realmente não há tempo para uma visita que os levem a conhecer as ilhas e não há tempo para conhecerem Itaparica.
Seria preciso, pelo menos três dias, para conhecer “Pedra que Rola”. Pontos como: Moinho dos Jesuítas, Pedra da Baleia, Igreja de Santo Antônio dos Velasques, Igreja de Nossa Senhora da Conceição, Igreja do Senhor da Vera Cruz, Igreja de Santo Amaro de Jiribatuba, O Pantanal Baiano, A Ilha das Canas, A Ilha do Medo, A Ponta dos Garcês, A Barra Falsa e seu magnífico banco de areia que nos faz sentir em outro planeta, O Forno das Caieiras, O Tracking na Mata da Ponta de My Friend, as belas Caramuãs, a Ilha do Amor, O Calado, O Poço dos Jesuítas, O Parque de Venceslau e tantos outros lugares maravilhosos não se visita numa paradinha de algumas horas nos restaurantes de Ponta de Areia.

Perceber a Ilha é preciso ir além de sentir os novos ares que amorosamente envolvem os barcos ao passarem da ponta de Monte Serrat, é preciso ir além de colocar o pé no chão, pescar siris munidos de um jereré e deixar-se bronzear com os raios abençoados do sol itaparicano.
Para conhecer e sentir a Ilha é preciso estar na Marina de Itaparica para ver o Por do Sol e correr até Porto Sobrado para assistir ao nascimento da Lua. É preciso orar e reverenciar nos templos mágicos existentes. É preciso não apenas tomar a água da Fonte da Bica, mas também saborear aquela água doce, maravilhosa que brota nas areias da praia de Catu.

Na Ilha há segredos, há magia, há amor... Há algo tão maravilhoso que cala no fundo d’alma e não se encontra palavras para definir...

Por não ser de ou para qualquer um, a ilha continua existindo (apesar dos altos investimentos no Litoral Norte) bela, amorosa, pedra preciosa... Rolando... Rolando...  na mente, na vida, na alma das gentes que se permitiram realmente vivenciá-la.



Vera Cruz, Ilha de Itaparica, 20 de junho de 2002. 
   

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